Mamilos polêmicos e a masculinidade frágil das zonas erógenas
Leitura: 2 minOutro dia, passeando pelas notícias, vi uma matéria de fofoca sobre três atores da Globo que fizeram um negócio em “tom de brincadeira” nos bastidores de uma novela e aquilo me ficou engasgado porque é algo que ilustra bem a fragilidade da masculinidade em relação às zonas erógenas. “Ah, mas eles tavam brincando”. Estavam sim, mas eu vejo isso em tudo quanto é transa com homem hetero.
A brincadeira em questão foi feita por um ator gay que, a fim de testar se o ator hetero era “do vale” (da homossexualidade), tocou os mamilos do colega e, ao não obter nenhuma reação, declarou a heterossexualidade invicta do amigo.
O que eu reparo é que muita coisa do mundo gay se fundamenta na ideia do sexo e relacionamento heteronormativo. A divisão de ativo e passivo, em que um domina e o outro se submete; em que o passivo é sempre mais “afeminado”, como se fizesse o “papel de mulher”; o passivo que é subjugado ou humilhado, sendo chamado de “putinh4” e afins; e, além disso, o homem gay que se excita pela estimulação dos mamilos. Fora o prazer anal, né? Que eu já falei em outros textos.
No mundo da cisgeneridade, a única coisa que difere os mamilos de homens e mulheres é a sexualização. Mulheres têm mamilos censurados em redes sociais enquanto homens podem publicá-los à vontade; há até artistas que fazem colagens de mamilos masculinos em corpos de mulheres, pois assim o algoritmo não identifica. E mulheres não podem ficar sem camisa na praia, coisa que tem até nome específico e que só é usado em relação a elas: topless. Também não podem amamentar sem cobrir os seios, porque senão vira fetiche. Pelo mesmo motivo, muitos homens trans não conseguem ficar sem camisa nos lugares ou sofrem a mesma censura nas redes. Se aparecerem amamentando então…
Cara, a gente precisa entender que o que define orientação sexual é a atração sexual por pessoas do mesmo sexo. E só. Se você é hetero e gosta de ser penetrado, ou gosta de ter seus mamilos estimulados, ISSO NÃO TE FAZ UM HOMEM GAY e as zonas erógenas não têm nada a ver com isso. O prazer é pra ser livre, vocês que ficam tentando definir o que pode e o que não pode porque a masculinidade de vocês é frágil pra dedéu. Ponto.