A vergonha do Marcelo

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Aqui na Europa, Bolsonaro tá desmoralizado.

Não tem um jornal, ou um governante europeu que não esteja sentido vergonha, pena e nojo do que aconteceu ontem. Mas eu quero falar do presidente português, o Marcelo Rebelo.

Não, o Marcelo não é fechado com Bolsonaro. Deixa eu te lembrar: Marcelo, todas as vezes que foi ao Brasil na gestão Bolsonaro, FOI PRIMEIRO FALAR COM LULA, e DEPOIS com Bolsonaro.

Saiba que Lula nem era candidato. Tinha sido preso. Marcelo sabia. Mas ele foi, e DEPOIS falou com Bolsonaro. Quer dizer, na última vez até tentou, mas Bolsonaro mandou ele a merda.

Marcelo é um sujeito boa pinta.

Sei que os portugueses tem ressalvas. Ok. Mas acho um Senhor na presidência. Eu dava UM BRAÇO pra ter Marcelo como presidente.. Marcelo é professor, escritor, lê livros de autores brasileiros. Me tratou com a maior elegância. É político? É. Mas se botar na balança, ele e Bolsonaro, amigo. Portugal na pandemia foi um exemplo. Já o Brasil.

Pior que uma ditadura, é um grupo de cafonas. De gente sem senso estético. De gente que constrange em festa.

A gente não merecia, numa data TÃO IMPORTANTE, esse vexame.

Marcelo não merecia isso, a bem da verdade.

O homem veio, se comportou, foi digno. Ficou ali, no protocolo, respeitando a nação que há 200 anos se tornou independente mediante confrontos históricos, Portugal, que hoje concede vistos para que brasileiros fujam da crise. Poxa vida.

Desculpa, Marcelo.

A gente tem diferenças enquanto povo. Mas aquilo ali foi demais. Eu queria que a celebração deixasse a Europa em estado de reverência. Com um povo saudável, alimentado, forte, educado e feliz. O que vimos ontem eu só vi em comédias pastelão.

Pedro I fez a Independência pra isso?

Embora eu discorde da independência, que acho que ainda não tivemos, mas né. Se foi pra isso, que merda.

A gente poderia ter feito Portugal passar vergonha, mostrando como nos tornamos grandes. Mas demos mais lenha pra sermos humilhados em terras portuguesas. Além disso, um constrangimento na Assembléia da República e pro governo português.

Eu só quero Bolsonaro preso. 

Escritor e ativista social, nascido em Madureira, Rio de Janeiro. Em 2016 lançou Rio em Shamas, indicado ao Jabuti de 2017, pela Editora Objetiva. Foi roteirista na Rede Globo e Multishow/A Fábrica, colunista da Folha de São Paulo e Metrópoles.

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