Del Castilho maior que Paris

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Aí né,
dia desses fui acompanhar uma pessoa no hospital. Público. Em Paris.

Fui na emergência com a pessoa, eram 1 da manhã. Pá, saúde pública, pode entrar, a casa é sua. Tudo certo.

Mas a situação era complexa. Ia precisar de uns exames, internação, tudo que só o Luciano Huck tem no Brasil.

SUS daqui é bom, o do Brasil tinha que ser melhor. Primeiro porque a gente tem a única seleção penta campeã. Então fodace, era pra ser tudo melhor. Segundo porque Pai Lool La do Diabo tinha que botar mais dinheiro no SUS. Pro desespero do dono da Unimed. Ou a Clinica Doutor Aloan, em São Cristóvão, ruim para uma caralhada. Tinha nem papel higiênico. Limpasse a bunda com a mão. Ou na pia.

Agora. Você sabe. Banheiro que não tem papel, sabão também não terá. Limpa a bunda com água e cuspe.

Sorte se tiver água.

Aí o dia amanheceu, sol subiu. Meu corpinho disse quelo um ambugue.

AQUI COMEÇA NOSSA HISTÓRIA.

Eu, acostumado em comer na cantina de hospital, onde se vendem um salgado, sucos, doce sortidos, disse para mim, dentro de mim, já doidão, mais de 24 hora acordado:

Aqui no corredor tem uma cantina.
Fui até o fim do corredor. Nem bebedouro tinha. Dei a volta no andar. Desci. Subi. Saí do prédio. Rodei o estacionamento. Saí do hospital. Andei um quarteirão. Dois. Três. Andei meia hora e achei uma padaria, fechada. Perai, bicho. 10 da manhã e padaria fechada. Tipo: alôu. Europa. Né Vila de Cava não. Vila de Cava lá pro carnegão de Nova Iguaçu, Estrada da Posse que eu confundo com Estrada do Pau Ferro, mas essa é lá na Freguesia, amigo, andei.

Nesses lugar todo aí que eu falei tem cantina. Tem alimentos, formais e informais, nos amigo que fica com isopor e dentro, bolo, salgado dentro do papel alumínio, como: a força do produtor, menino ney do gastroempreendedorismo de resultados.

Lá no posto de saúde que eu me tratava, de frente pro Complexo do Alemão, tinha cantina, inclusive DENTRO, inclusive no CENTRO do posto.

O Pandidelca.

Pam de Del Castilho
Pandidelca.
Tem uma cantina que vende um joelho, um salgado, um risole, uma esfirra, uma coxinha, eu diria até uma empada,

um pão na chapa com ovo,
misto quente, misto frio,
xisalada xisburge xistudo xizovo, xisbeico,

peito de frango na chapa arroz e fritas
sobremesa gelatina de morango ou abacaxi

cokinea 6senta, ispraite, guaraná
chiclete, halls, filtro de refrigeração, correia de automotores de 4 trações, material de construção e porcelanato 70 por 70 várias estampa,

Loló, balão, pó, maconha, Bíblia, borracha pra tampa de panela de pressão, orçamento de canal dentário, talher descartável pra festa, tudo em espécie ou pix.

Você enche teu cu de comida enquanto o paciente se trata.

Del Castilho maior que Paris.
Rodei, achei um mercado, comprei pão, uns bagulho, comi no estacionamento.

Não tem uma iniciativa privada no quesito preenchimento de lacunas do bem comer. Achei triste essa Europa toda aí.

Tem-se muito o que aprender com o brasileiro que, embora doente, come uma coxinha saborosa.

Tratam bem. Mas falta um ódio. Um tempero.
Uma vendeção de comidas.

Mas comi o sanduba.
Pensando que se aqui fosse Brasil eu tava num rodízio de pizza na recepção do Hospital.

somos a primeira voz
que você ouve pela manhã.
a última com você na cama.

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