Essa gente que não transa
Leitura: 2 minSe você é assexual, neste texto eu não vou falar de você. Estou falando das pessoas sexuadas, que são casadas ou têm relacionamentos estáveis, e estão deixando de fazer sexo.
Essa semana, a psicóloga e terapeuta sexual Ana Canosa, no UOL, discorre sobre um novo estudo realizado em 2021 pelo Instituto Kinsey, em parceria com a empresa de produtos eróticos Lovehoney, com pessoas de 18 a 45 anos, nos Estados Unidos, que revelou que nem o relacionamento estável está conseguindo proteger a geração nascida entre 1981 e 1996.
Ana lista as diversas razões para o fenômeno ocorrer, destacadas pelos pesquisadores: Internet, globalização e crise econômica, além de várias outras hipóteses como o excesso de pornografia e masturbação, uso de sex toys, consumo de medicações que influenciam na resposta sexual, abuso de álcool e substâncias psicoativas, distração com tecnologia, medo de abuso e violência sexual, heteropessimismo e aumento de transtornos mentais. É compreensível que não haja libido que resista a esses contextos.
Numa geração que se foca na carreira e no trabalho, a libido anda diminuída e a vida anestesiada. Sabemos que num relacionamento, a vida sexual passa por diversas fases e tudo vai depender da maneira como nos relacionamos com a nossa sexualidade e com nós mesmos também. Neste mundo que só nos ensina a odiar e a competir, como ter libido com um corpo que tanto odiamos e maltratamos? A resposta é: se amando.
Como mulher solteira e morando em outro estado, com a ausência de vida social, e frequentando aplicativos há pelo menos oito anos, posso dizer que a maioria das pessoas quer mesmo é se sentir desejada. Quer transar pra se sentir bem consigo mesmo ou para realizar fantasias ou fetiches que ficam guardados em uma lista mental que interfere na autoestima da pessoa. Sexo tem, aos montes, esse sexo vazio e superficial. Neste celibato forçado, venho descobrindo cada vez mais prazeres, só me cansei de ser usada pra massagear o ego dos outros.
Somos uma geração anestesiada pela ideia de futuro e estabilidade emocional e financeira, que esquece que o prazer sexual também faz parte do autocuidado. Mas ninguém tá preparado pra essa conversa…