Fabricante de papel trouxe ilegalmente lixo dos EUA para Brasil, diz Ibama
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No dia 26 de julho de 2021, às 15h30, uma mensagem chegou ao sistema de comunicação interna da sede do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), em São Paulo. “Algumas fábricas de papel estão importando resíduos de papel proveniente da coleta seletiva de origem residencial”, dizia a mensagem. “Essa importação é proibida.”
A mensagem se referia a uma série de remessas destinadas à Jaepel Papéis e Embalagens, produtora de embalagens do estado de Goiás, e incluía fotos de papelão moldado misturado com máscaras e luvas usadas e diversos utensílios domésticos – uma garrafa plástica meio cheia de líquido, uma lata vazia de Monster Energy Drink e um rodo verde, entre outros. Em uma foto, o rosto sorridente de Mike Lindell, um proeminente defensor do ex-presidente americano Donald Trump e teórico da conspiração nos Estados Unidos, foi impresso em um pacote que já abrigou dois travesseiros. “A julgar pelo quadro, o lixo parece ter vindo dos EUA”, concluiu a nota. A empresa Jaepel Papéis foi multada em R$ 44 milhões pelo Ibama, mas recorreu da decisão (mais detalhes abaixo). A partir de agosto de 2021, as autoridades do porto de Santos apreenderam ao menos 93 contêineres que transportavam papéis usados destinados à reciclagem misturados a resíduos domésticos. Embora a empresa importadora negue qualquer irregularidade, as regulamentações nacionais e internacionais impõem controles rigorosos sobre as movimentações transfronteiriças desses materiais, e as autoridades brasileiras estão investigando o caso como tráfico ilegal de resíduos perigosos. Durante a pandemia da covid-19, os embarques de resíduos de papel usado para o Brasil dispararam como efeito combinado do aumento da demanda por produtos embalados e da interrupção da coleta de recicláveis das famílias.