Na Europa até debaixo d’água
Leitura: 2 minPor Bia Souza
Olha a ironia: aqui do meio da lama que invadiu minha rua na Amadora, eu me lembrei que dois dias atrás o Jornal Expresso dizia que Portugal “era um país de imigrantes de países miseráveis”.
As chuvas que começaram na semana passada aqui desse lado do oceano, deixaram pessoas ilhadas e uma até perdeu a vida em casa por afogamento na inundação em um apartamento na cave, na região de Algés.
Voltemos para a ironia: no Brasil, em Belo Horizonte, caiu também um mundaréu de chuva. Muita coisa ficou destruída. A ideia de que Portugal não se enquadrada na categoria “país miserável” que o Brasil foi colocado na matéria que li, já que somos a maior comunidade de imigrantes aqui, não combina.
Aí vem você me dizer que desastres naturais caem no telhado de todos. A natureza é democrática. Mas e a preparação dos países desenvolvidos? Porque Lisboa não está preparada para esse tipo de desastre? Miserável é aquele que não tem? É aquele que tem e não dá? Ou aquele que finge que tem e deixa todo mundo agonizando no caos na hora do aperto? No meu telefone, dois tipos de SMS: um alerta de incêndio do verão, e hoje o alerta de chuvas. Não saia de casa. Sério. Não saia.
Eu perdi um trabalho, mas ganhei minha vida. Sobreviver é o caos. E olha mãe, eu tô na Europa! A câmara de Lisboa em setembro noticiou a chegada de uma tuneladora para um plano de drenagem da cidade pra tentar reduzir os riscos de cheias e inundações na cidade. Se for que nem a obra do metrô, é tipo balada de jovem solteiro: não tem dia e nem hora pra acabar.
De um lado ou do outro do oceano, a falta de preparo é muito parecida. As perdas são constantes e a demora é comum e irritante. Muito comerciante se lascou vendo suas lojas e estoques embaixo d’água. Só não se esqueçam do IVA. Esse comboio não vai parar em Arroios tão cedo.