Pajubá, LGBTQIA+, INEP, Bolsonaro e a crise no INEP

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Você sabia que a questão da demissão em massa de 37 funcionários do INEP é porque Bolsonaro persegue LGBTQIA+? Tem a ver com o dialeto Pajubá, que disparou o gatilho dos hétero do governo.

37 funcionários do INEP, órgão responsável pelo ENEM, pediram demissão.

Antes, outros 3 já tinham saído.

Bolsonaro nega envolvimento, mas em 2018, ele disse:

Ninguém quer acabar com o Enem, mas tem que cobrar ali o que realmente tem a ver com a história e cultura do Brasil, não com uma questão específica LGBT.

Pode ter certeza que não vai ter uma questão daquela no ano que vem. Nós vamos tomar conhecimento da prova antes.”

Jair Bolsonaro

Bolsonaro se mostrava indignado pela presença de uma questão no ENEM de 2018 sobre o dialeto pajubá.

O pajubá é um dialeto usado pela comunidade LGBTQIA+ na década de 1970 e 80, períodos em que eram fortemente perseguidos, ainda na ditadura militar.

A palavra, de origem africana, significa “novidade” ou “fofoca”, e também é usada no candomblé.

Esse dialeto faz parte da história da resistência de minorias brasileiras, e isso incomoda Bolsonaro.

Em 2018, ele disse que ia TER CONHECIMENTO DA PROVA ANTES, e não ia permitir que “questões de ativismo” voltassem para a prova.

Bolsonaro deu uma entrevista essa manhã (17), onde menospreza o ENEM e reitera que questões de “ativismo” não vão aparecer nas provas.

Uma “comissão de REVISÃO IDEOLÓGICA” foi montada para intervir, mas, oficialmente, não atuou. O que não significa que não existam no formato de gabinete paralelo.

E os 37 funcionários alegam que houve sim tentativa de intervenção do presidente.

Isso é o que chamamos de perseguição ideológica, ódio de gênero, censura e, quando praticada pelo governo, ditadura.

Bolsonaro, embora cada vez mais cercado por interesses do Centrão, e aparentemente esteja mais fraco, bate com força nos mais oprimidos e deixa claro que não mudou em nada do que disse nas últimas 3 décadas.

Continua misógino, homofóbico, racista, antissemita, transfóbico e disseminador de ódio e golpe de Estado.

E é por isso que estamos vendo essa grave crise no INEP.

Escritor e ativista social, nascido em Madureira, Rio de Janeiro. Em 2016 lançou Rio em Shamas, indicado ao Jabuti de 2017, pela Editora Objetiva. Foi roteirista na Rede Globo e Multishow/A Fábrica, colunista da Folha de São Paulo e Metrópoles.

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