Pandemia da ansiedade

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Fiz uma pesquisa no Google trends para mostrar aos alunos o interesse das pessoas por saúde mental nos últimos quatro anos. Percebemos no gráfico o quanto a variação em torno de termos como “psicologia”, “terapia”, “depressão” e “saúde mental” não sofre mudança acentuada, mas é impactante o resultado em torno do interesse sobre o tema “ansiedade”. E nem estou falando do uso geral da palavra, eu refinei a busca do uso enquanto transtorno e o cenário, principalmente depois de meados de 2020, quando as pessoas perceberam que o retorno da pandemia não seria algo rápido, exemplifica muito bem o que temos encontrado na clínica.

Mas o que é afinal a ansiedade? 

Todos lidamos com algum nível de ansiedade. É uma resposta da nossa capacidade de projetar o futuro e examiná-lo. Somos uma espécie com essa habilidade, um recurso mais do que importante para planejarmos nossos planos, desde o futuro imediato, até aquele designado a toda uma vida. Assim como o medo tem seu papel em nosso cotidiano, esse sentimento também tem. 

Mas excesso de medo pode nos fazer sofrer horrores e paralisar, resultado semelhante no caso da preocupação excessiva pelo que virá a acontecer. E a esse excesso se soma diretamente projeções sempre negativas e ameaçadoras. Ao corpo, a imaginação de tal futuro é lida como verdade e logo ele reage como se estivesse realmente em perigo. Sudorese, taquicardia. 

Imagine então se essa preparação para lutar ou fugir for disparada constantemente. Imagine só o desgaste? Ao que sofre por conta da ansiedade, sempre tudo parece que sairá do controle, sempre o prior acontecerá, não saber do futuro ou do que está por vir, o que fazer, é um horror.

Quando a ansiedade passa do ponto e precisamos buscar ajuda? 

Acredito no papel da auto-observação. No fundo, você sabe se suas preocupações ansiosas estão passando do ponto e, mais do que isso, muitas vezes percebe o seu corpo sofrendo por conta desses momentos – há quem vá buscar ajuda nos cardiologistas achando ter algum problema no coração. Reconhecendo essas sucessivas crises, é hora de fazer algo.

Segundo a OMS, 264 milhões de pessoas no mundo estão diagnosticadas com transtornos de ansiedade. É como se o Brasil inteiro fosse diagnosticado com esse quadro. O que, quando analisamos no dia a dia as pessoas ao nosso redor, talvez não esteja tão longe da nossa realidade.

Texto e Ilustração @claudiobrites

É psicólogo clínico e editor. Atende no Espaço Fluxo e dá aulas em São Paulo. No YouTube, promove conversas quase diárias sobre saúde mental e leitura: youtube.com/claudiobrites. Instagram: @claudiozedbrites.

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