Universidade da Correria

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Universidade da Correria. @unicorre

Projeto que criei quando morava no Morro do 18, e fiz a primeira turma na Maré, em 2013.

Vendia camiseta com a logo do projeto por 39 reais. Com o dinheiro, fiz a primeira turma. Ao fim de 5 anos, tinha formado 4.300 afroempreendedores.

Nossa escola começou no beco. Dei aula em viela, bar, igreja, presídio, dentro da minha casa, e no Galpão da Ação da Cidadania.

A proposta era o fortalecimento de negócios pretos e a criação de uma classe média negra no Brasil, que não há, o maior reflexo da escravidão.

Vivia de favela em favela dando aula. Era um educador popular. Era feliz, ensinando pessoas a controlar suas finanças, montar estratégia de negócio. Éramos a aceleradora e incubadora de negócios de pessoas que eram rejeitadas. Montávamos um pitch, e muitos alunos conseguiam investimento. Fizemos aquilo que estava dentro dos ideais de Marcus Garvey.

Saí do Brasil, nunca mais vi meu povo, meus alunos, nunca mais dei aula.

Eu hoje tô aqui. Você me chamando de escritor, eu coordenando um veículo de comunicação. Sei nem como a vida me colocou aqui.

Mas achei essas fotos e quis lembrar de quem eu fui e tive orgulho.

Escritor e ativista social, nascido em Madureira, Rio de Janeiro. Em 2016 lançou Rio em Shamas, indicado ao Jabuti de 2017, pela Editora Objetiva. Foi roteirista na Rede Globo e Multishow/A Fábrica, colunista da Folha de São Paulo e Metrópoles.

somos a primeira voz
que você ouve pela manhã.
a última com você na cama.

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