“Vai ter que doer no bolso”

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(é basicamente o que a única candidata a Chanceler quis dizer)

Nosso colunista, Fillipe Caetano, esteve de olho no que a imprensa alemã vem abordando sobre a COP26. E notou que a presidente do partido verde alemão, Annalena Baerbock, mesmo sem ter ido ao evento, tem sido muito dura em suas colocações e comentários.

Uma coisa que tem chamado atenção, é o fato de ela ser taxativa em uma declaração pra ZDF (um emissora): “só vai haver um caminho pra energias renováveis com mais segurança e, principalmente, com justiça social”.

Isso vai muito de encontro com o que temos falado na CT. Não é exatamente igual, mas tem um caminho. Alguém lá já percebeu faz tempo que fizeram merda, mas isso passa por equiparar ou “reparar” certas coisas.

O material a seguir, é uma tradução de uma entrevista da para a ZDF, bem como de um vídeo para o instagram sobre o tema.

Baerbock sobre a Conferência do Clima:

“Vai ser preciso finalmente que haja uma responsabilidade financeira.”

O tempo na luta contra as mudanças climáticas continua correndo, diz a presidenta do Partido Verde alemão Annalena Baerbock. Assim, é mais do que fundamental falar sobre isso, principalmente entre as grandes nações industriais.

[Video]

Os apelos vindos de Glasgow por uma “neutralidade climática industrial” precisariam finalmente ser implementados em ações práticas, exige duramente Annalena Baerbock, presidenta nacional da Bündnis 90/Die Grünen, o Partido Verde alemão.

Na luta contra as mudanças climáticas, a líder dos Verdes na Alemanha, Annalena Baerbock, exigiu decisões de ordem financeira ao comentar sobre a Conferência Mundial do Clima, que está ocorrendo em Glasgow, na Escócia. “É preciso finalmente que haja uma responsabilidade financeira”, disse ela em participação no programa Morgenmagazin da emissora de TV alemã ZDF. Os programas apresentados até aqui pelas nações responsáveis não serão suficientes para alcançar o objetivo de limitar o aquecimento do planeta em 1,5 graus.

“Todos os apelos vindos de lá se resumem em: eliminação da emissão de carbono, abandono de motores de combustão, efetiva proteção das florestas, e, acima de tudo, um imenso salto tecnológico em direção de uma neutralidade climática industrial. Essas coisas precisam urgentemente sair do papel e virar ação.”

Annalena Baerbock

Baerbock enfatizou ainda a importância de uma ação conjunta. Nesse sentido, segue o especialista em clima Mojib Latif, que sugere uma “Aliança dos Dispostos” (livre tradução de “Allianz der Willingen”).

“Eu julgo como absolutamente primordial que haja políticas externas e climáticas reais e efetivas, porque foram justamente as nações super-industrializadas que conduziram o mundo a este desastre. Através da queima de energia fóssil, criamos as indústrias.”

Annalena Baerbock

[Video]

O professor Mojib Latif, pesquisador do clima, tem “pouca esperança” na efetividade da Conferência Mundial do Clima em Glasgow e advoga em prol de uma “Aliança dos Dispostos”, com Alemanha e Estados Unidos, por exemplo, entre outros países.

Baerbock: é tempo de investir todas as energias na proteção climática

Para tal, é imperativo que o bem-estar da sociedade, que até hoje está baseada em energia fóssil, seja convertido para um modo de energia de neutralidade climática. E, claro, que as grandes nações industrializadas progridam nessa direção, diz ela.

“Se houver cooperação mútua e um fazer real e efetivo, ainda conseguiremos virar o leme. Mas o tempo está correndo. Por isso é tão vital que usemos de todas as forças para fazer progressos.”

Annalena Baerbock

Ainda segundo Baerbock, com as energias renováveis, iniciou-se uma revolução no setor da eletricidade, e é disso que toda a indústria necessita agora.

Na última terça-feira, inúmeros chefes de Estado e representantes presentes na Conferência do Clima das Organizações das Nações Unidas (ONU) fizeram seus tradicionais discursos. Além disso, será apresentada uma iniciativa incluindo 100 nações, visando o fim da destruição de florestas e sua natureza.

Baerbock: o fim de emissão de carbono é obrigação para a Coalizão Ampel (Semáforo, em alemão)

Sobre as atuais negociações da nova Coalizão que formará o governo na Alemanha, Baerbock se manteve reticente e não quis comentar a busca de ministros, bem como a ocupação do planejado Ministério do Clima. Quando questionada sobre o direito de veto pra esse ministério, disse somente: “Precisa, de qualquer forma, ser obrigatório.”

Já quando questionada sobre a eliminação progressiva do carvão até 2030 na Alemanha, Baerbock também vê as outras duas partes da planejada Coalizão como tendo uma obrigação. “Não pode ser tarefa somente de uma das partes nas negociações da coalizão, mas todas as três partes devem garantir que a proteção climática se torne uma tarefa intersetorial”.

Em seu estudo oficial para organização e observação (Sondierungspapier¹, em alemão) a Coalizão (que conta com o SPD, partido mais votado das últimas eleições e de cor vermelha; o Partido Verde; e o FDP, partido com 3o melhor resultado de votos e de cor amarela – por isso “Semáforo”), estipulou que “no mais ideal dos cenários” o carvão será eliminado já em 2030. Para estabelecer isso em lei, a Lei de Eliminação do Carvão aprovada pela grande Coalizão deve ser alterada, disse Baerbock. “Temos que fazer dessa maneira, senão tudo o que foi prometido na campanha eleitoral seria uma zombaria.”

Fonte: ZDF, AFP (https://www.zdf.de/nachrichten/politik/weltklimakonferenz-baerbock-klimawandel-100.html)

Tradução: Fillipe Caetano

Revisão: Leonardo Gonçalves e Isadora Costa

¹ Das Sondierungspapier: espécie de pesquisa oficial realizada pelo Governo diretamente com o povo nas ruas, quando há a possibilidade real de haver uma coalizão, que leva à observação e organização do Plano de Governo.

“É preciso finalmente que haja uma responsabilidade financeira. Nós não temos problema em reconhecer que precisamos mais do que urgentemente lidar com isso. Na verdade, já há anos sabemos que, com os planos climáticos das nações em questão, não vamos conseguir chegar ao objetivo de redução de 1,5 grau como gostaríamos. Isso já é conhecido e, por isso, todos os apelos vindos de lá (Glasgow) se resumem em: eliminação da emissão de carbono, abandono de motores de combustão, efetiva proteção das florestas, e, acima de tudo, um imenso salto tecnológico em direção de uma neutralidade climática industrial. Essas coisas precisam urgentemente sair do papel e virar ação.”

“Não é tão simples. O que não se pode fazer é colocar as necessidades e preocupações das pessoas que estão juntando seu dinheiro contra a questão da proteção climática, fazê-los pagar por isso. Esse debate nós já tivemos há 10 atrás, e ainda nos traz vários problemas. O que devemos, sim, fazer é cuidar para que cada pessoa possa ter condições de fazer sua parte na proteção climática. Por isso sugerimos o “Auxílio Energia”, para subsidiar aqueles que têm pouco dinheiro. Mas dizer agora simplesmente “vamos só diminuir os preços cobrados”, bom, isso não faz sentido. Isso precisa ser claro e mostra a importância do debate: nós somos totalmente chantageados através da energia fóssil. Já vimos isso com a Rússia. Quer dizer, o caminho para energias renováveis será através de mais segurança e também, sem dúvida, da justiça social.”

Fonte: Instagram – ZDF Heute (https://www.instagram.com/p/CVxhts9AwQs/)

Tradução: Fillipe Caetano

Revisão: Leonardo Gonçalves e Isadora Costa

É Preto, professor de alemão na Educação Infantil, formado em Letras pela UFRJ, pós-graduado pela UERJ, escritor do cotidiano de educador, baterista, viajante, poliglota, amante de esporte. E está Sobrevivendo no Inferno.

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