Mulher solteira procura: a luta pelo mínimo
Leitura: 2 minA busca de uma mulher por uma vida sexual ativa definitivamente, é uma batalha diária. O que me angustia é essa luta contínua pelo mínimo. O mínimo é não ser tratada como lixo ou como algo descartável. O mínimo é não ser agredida, estuprada ou morta. O mínimo é ser respeitada. O mínimo é estar com pessoas que se preocupem com o meu prazer.
Eu tô solteira há cinco anos, sou uma mulher que gosta bastante de sexo e que é muito bem resolvida com o próprio corpo e o próprio prazer, infelizmente, diferente da grande maioria. Somos criadas pra acreditar que gostar de sexo demais é ser vulgar; falar e pensar sobre o assunto, mais ainda. E que devemos ter nojo e vergonha de nossos corpos, sempre comparando-os a um padrão corporal que nem os corpos padrões são capazes de alcançar. A culpa sempre esteve envolta nos nossos corpos, prazeres e liberdades.
Por isso, acho que ser mulher e querer ter uma vida sexual ativa é uma espécie de resistência. Que me julguem, eu quero gozar e fazer o que tenho vontade. Mas não posso pensar assim simplesmente pelo fato de querer continuar viva. Eu preciso tomar uma série de precauções para me proteger, porque só o fato de eu ser uma pessoa que fala do assunto me coloca em risco. E sem falar também: ser mulher é se arriscar todos os dias. É ser sexualizada em todos os lugares e classes sociais.
Ser sexualizada nada tem a ver com gostar de sexo e eu não vou me culpar por isso. A culpa não é minha de gostar e falar de sexo, ou de expor meu corpo. A culpa é dos olhos que me sexualizam 24 horas por dia, 7 dias por semana, como se essa fosse minha única função no mundo.
E sei que quanto mais gosto de sexo, quanto mais me exponho e quanto mais quero transar mais me colocam nesse lugar de não ser digna de nenhum tipo de afeto. Eu virei uma grande diversão temporária na vida das pessoas. Todos me admiram, todos querem transar comigo, mas ninguém quer saber quem eu sou. Muito menos o que eu quero.
Quando cês entenderem que putaria com afeto é legal, e que afeto não quer dizer prisão, muito menos compromisso, cês vão ficar bobo, viu?
TRATEM DE MELHORAR, pois eu é que não vou mudar.