A representatividade gorda ilusória (e irrisória) da Disney
Leitura: 2 minEssa semana estreou na plataforma de streaming Disney+, o curta metragem de animação “Reflexo”, dirigido por Hillary Bradfield, artista de storyboard, que já participou de animações como Frozen 2 e Encanto, e que fez sua estreia na direção deste curta. A produção vem sendo destacada por ter Bianca, uma protagonista gorda.
Primeiro: só está disponível no Disney+ e não acessível a todos; segundo: quando entramos na plataforma não há nenhuma menção ao curta, você tem que saber do que se trata para conseguir encontrar. Ele faz parte da segunda temporada de “Pane Elétrica”, projeto que reúne curtas experimentais feitos por talentos dos Estúdios Disney. “Reflexo” é o sexto episódio. Terceiro e não menos importante é a sua duração.
Um curta metragem é um filme de até 40 minutos. Tendo sido divulgado como de duração de 6 minutos, a verdade é que a animação se passa em irrisórios DOIS MINUTOS E CINCO SEGUNDOS, sendo o restante uma breve apresentação da diretora falando sobre o trabalho e os créditos. Então, assim, já tá uma merda isso aí, mas beleza. A história é linda e simbólica, com poucas falas e muitas mensagens, pra quem consegue entender e tem essa sensibilidade.
“Reflexo” se passa todo numa aula de balé, em frente a um espelho, em que a personagem Bianca, a única gorda da turma, evita se observar durante e aula. Rapidamente, seu desconforto frente ao espelho faz com que ele se parta em pedaços e logo se transforme em um monstro. Quantas de nós deixamos de nos olhar no espelho por medo de nos deparar com a própria autoimagem que tanto nos ensinaram a detestar, né? Bianca, aterrorizada, fecha os olhos e se concentra nos movimentos de balé. Aos poucos, vai se acalmando com a própria autodeterminação e termina o curta se olhando com satisfação no espelho.
O que eu entendi é que Bianca encontra dentro de si as razões pra poder enxergar sua bela imagem no espelho, que passa a ser menos assustadora no fim do filme. Maneiro. MAS PORRA, sério mesmo que precisava ser só em DOIS MINUTOS e a gente ainda tem que ficar feliz? Temos muito a avançar ainda. Uma protagonista gorda é ótimo, mas podia ter sido melhor.