Como manter a saúde mental na ceia de natal?
Leitura: 3 minPois é, pode parecer exagero, mas pra muita gente estar próxima da família nesse momento pode ser extremamente tóxico. São as microagressões familiares, que vão desde a gordofobia até as piadas do tio do pavê.
Esse texto vai ser voltado pra quem é atingido por isso, porque eu não tô nem aí pro que o tio do pavê ou a tia antivacina tão sentindo, sinceramente.
Primeira coisa, lembre-se sempre: não é porque é da família que é a sua família. Pode ser que você ainda dependa deles financeiramente e precise ficar ali fazendo a phyna, mas lembre-se que família é quem te acolhe e te conhece, e principalmente, quem te aceita exatamente do jeitinho que você é. Pense que essas pessoas não te conhecem, e que te julgam de acordo com uma porção de expectativas que a sociedade nos impõe, assim como também impôs a eles.
Agora vamos ver como podemos lidar com cada uma dessas personalidades escrotas que sempre encontramos em encontros familiares, como a ceia de natal:
O fiscal de corpo: esse vai soltar frases como “tá gordinha, hein?”, “como você tá grande!”, “papai noel ainda não chegou mas já deixou a barriga!” e coisas afins, tudo sempre envolto numa cara redondinha e risonha, num tom simpático passivo-agressivo, e você não é obrigada a engolir, mas pode responder algo como: “cê tá ganhando quanto pra fiscalizar o corpo dos outros? Tem olhado pro seu também ou é só dos outros que você fiscaliza?”, aí fica aquela deliciosa torta de climão, o parente se sente ofendido, ou você pode simplesmente dar um sorrisinho amarelinho e responder mentalmente o fiscal que fica tudo bem também. E depois a gente leva pra terapia! Rs
O fiscal de reprodução: esse gosta de lembrar que tu é solteira até hoje e vai ficar pra titia. E você adora ser titia, você nunca quis ter filhos, ou até quer, mas essa não é sua prioridade agora e pasmem, (eles pasmam), TUDO BEM. Tudo bem mesmo. Não se culpe, não se sinta menor, pense que esse parente é tão infeliz que tem essa ideia de felicidade atrelada à vida padrão de casar-ter filhos-envelhecer-morrer, tão difundida na nossa criação. Aquela coisa, ou damos o mesmo sorrisinho amarelo, ou bate no peito e diz: TITIA COM MUITO ORGULHO, PORRA! ou até mesmo o SOLTEIRA PRA TER MAIS OPÇÃO, já engata numa discussão sobre não-monogamia e pronto.
O fiscal de fumante: esse aparece em tudo quanto é evento, independente de ocasião especial. “Tá fumando muito, hein?”, “Vai parar quando?”, “Fulano morreu de fumar”, tudo muito disfarçado de preocupação contigo, enquanto o mesmo fiscal se entope de gordura saturada e álcool, come igual um boi, mas pra ele é sempre mais fácil falar do outro. Só o cigarro que mata, né? Os comentários dele não. De novo, pode responder afrontosa “vou parar nunca, se deixar fumo até maconha e você junto!”, ou segue a tática do sorrisinho amarelo, resposta mental e depois desabafa com amigos e na terapia. Sigamos.
O fiscal de relacionamentos: esse tá ali juntinho do fiscal de reprodução, vai colocar o cotovelo na mesa, chegar bem pertinho de você e soltar: “e os namoradinhos?”. Eu já arranco a porta do armário e digo “namoradinhas também!” pra ele já deixar de ser imbecil e heteronormativo. Depois faço palestra sobre relacionamentos abertos e como tá difícil o mercado porque eu não acho quase ninguém digno de estar ao meu lado. E também falo que tô muito bem sem relacionamento, até porque tenho muitos exemplos de relacionamentos infelizes na família. RISOS. Normalmente depois dessa o fiscal se encolhe e sai de fininho com o rabinho entre as pernas.
Além dessas, são muitas as personalidades que podem aparecer nesse dia. O importante é lembrar sempre de quem somos e de que nada do que essas pessoas pensam da gente interfere nisso e muito menos nos define.
Não se culpe por odiá-los, cuide da sua saúde mental, faça terapia, procure se preservar e se preocupe em se manter fiel a quem você é e a quem quer se tornar. E nenhum deles vai te impedir disso: não se esqueça.
No mais, BOM NATAL PRA GERAL, BORA ENCHER O RABO DE RABANADA!