(Sobre)vivendo em um país em crise

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A taxa de desemprego no Brasil fechou em 11,2% no trimestre de dezembro de  2021 a fevereiro de 2022. O índice caiu 0,4 ponto percentual em comparação aos meses anteriores. No entanto, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ainda há cerca de 12 milhões de pessoas desempregadas.

Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua) divulgados pelo IBGE, dentre os 12 milhões de desempregados, há um total de 30,3% de pessoas que estão em busca de uma oportunidade há pelo menos dois anos, ou seja, cerca de 3,6 milhões de pessoas estão em busca de uma chance há dois anos ou mais.

A inserção no mercado de trabalho formal ficou ainda mais difícil com a pandemia da COVID-19, que começou a impor restrições no ano de 2020. As pessoas que já estavam em busca de uma oportunidade anteriormente sentiram um impacto maior, uma vez que as empresas buscam contratar quem está desempregado há menos tempo.

Dentre os desempregados no país, os negros são a maioria de acordo com dados da Pnad Contínua, representando 72,9% da taxa de desocupados em 2021. Isso representa cerca de 13 milhões de pessoas em busca de emprego. Apesar desse número ser menor em relação ao ano de 2020, a população negra ainda constitui o maior número de desempregados no país.

Paralelo a isso, o índice de trabalho informal teve um aumento significativo, pois com ou sem pandemia as contas não param de chegar. Em maio de 2021, a taxa chegou a 40%. Dessa forma, em busca de uma fonte de renda, as pessoas viram nos aplicativos uma forma de garantir o seu sustento.

No entanto, para conseguir um salário que dê conta de suprir ao menos as necessidades básicas, o indivíduo precisa trabalhar cerca de 12 horas por dia. Além de ter uma carga horária exaustiva de trabalho, as pessoas que trabalham para os aplicativos também não possuem qualquer direito trabalhista garantido.

De acordo com pesquisas realizada pela Fairwork, liderada pelo Instituto de Internet de Oxford e o Centro de Ciências Sociais de Berlim (WZB), empresas como UberEats, Rappi, iFood, GetNinjas e 99 não garantem o mínimo de condições necessárias para a execução do trabalho, como, por exemplo, o fornecimento de equipamentos de proteção individual (EPI).

Na pesquisa coordenada pela Oxford, em que houve um ranqueamento das empresas que oferecem melhores condições de trabalho; os estabelecimentos iFood e 99 lideram com “incríveis” dois pontos, enquanto as outras empresas mencionadas não alcançaram nenhuma pontuação. A escala de pontuação vai de 0 a 10. Para a Fairwork, nenhuma das plataformas garante os direitos básicos para os seus colaboradores. À vista disso, não é sem razão que vem acontecendo a greve dos trabalhadores de aplicativos por melhores condições de trabalho.   

Mulher negra oriunda do interior do Estado do Rio de Janeiro. Professora, pesquisadora, revisora e feminista antirracista. A correria faz parte de sua vida, porque na barriga da miséria nasceu brasileira.

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