Clubes de tiro crescem no governo Bolsonaro

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De acordo com o Sistema Nacional de Bibliotecas Públicas (SNBP), cerca de 800 bibliotecas públicas foram fechadas entre 2015 e 2020. Os dados obtidos pela BBC Brasil junto ao SNBP indicam que o número de bibliotecas públicas caiu de 6.057, em 2015, para 5.293 no ano de 2020. 

No entanto, esses números podem ser ainda mais alarmantes, uma vez que a extinção do Ministério da Cultura pelo atual governo contribuiu para que o sistema ficasse ainda mais precarizado. Em contrapartida, enquanto o número de bibliotecas públicas é reduzido, a abertura de clubes de tiro não para de crescer, consequentemente, há um aumento de circulação de armas no país.  

Segundo informações coletadas pelo UOL junto ao Exército, cerca de 1.006 clubes de tiro surgiram entre 2019 e maio deste ano, totalizando 2.061 desses espaços atualmente. Esses estabelecimentos também têm se instalado no interior do país. Dessa forma, ao observar a expansão de clubes de tiro e o fechamento de bibliotecas públicas é possível delimitar quais são os interesses e prioridades do atual presidente. 

Aliás, seus interesses em realizar mudanças que afetam o setor da cultura e da educação estiveram nítidas desde os primeiros momentos do seu governo, quando extinguiu o Ministério da Cultura. O número de pessoas com licença para portar arma de fogo disparou de 117, 4 mil em 2018, para 673,8 mil em junho deste ano. Mas apenas o cidadão de bem pode adquirir o armamento e a licença para garantir a segurança e proteção de sua família (risos).

O incentivo ao armamento da população e o fechamento desenfreado de bibliotecas públicas apresenta perfeitamente as falhas daquele que, teoricamente, deveria governar um país. O aumento de cidadãos com porte de arma apenas reforça a ideia de que a segurança pública está em declínio, além de promover a ignorância e desvalorizar ainda mais a educação.

Fechar espaços onde há promoção da cultura e educação é declarar abertamente que esses lugares não são importantes. Com o fechamento desses espaços públicos, os ataques constantes à educação, a desvalorização dos professores e escolas em condições precárias, nos resta apenas perguntar: quem terá acesso a uma educação de qualidade, crítica?

O brasileiro não precisa de mais clubes de tiro, cada brasileiro não precisa ter uma arma em casa para se sentir seguro. Cada brasileiro precisa ter um emprego. Cada brasileiro precisa ter acesso à moradia, educação, lazer, alimentação, saúde, entre tantas outras coisas que não estão sendo possíveis no Brasil de hoje.     

Mulher negra oriunda do interior do Estado do Rio de Janeiro. Professora, pesquisadora, revisora e feminista antirracista. A correria faz parte de sua vida, porque na barriga da miséria nasceu brasileira.

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