Dino d´Santiago é alvo de preconceito em Lisboa
Leitura: 2 minNo Brasil, você talvez nunca tenha ouvido falar em Dino d´Santiago, mas aqui em Portugal, @dinodsantiago é uma referência na pop arte. O rapper e ativista de ascendência cabo-verdiana, se tornou um nome bombado no país, inclusive, sendo convidado frequente para campanhas publicitárias e mentor do The Voice.
Dino compartilhou em suas redes sociais um vídeo. Ele estava no Rossio, zona mais turística (e branca) de Lisboa, saindo do Coliseu dos Recreios, uma das principais casas de espetáculos locais, na noite da última quarta-feira. Foi pegar um táxi para ir para casa. Dino, mora na Amadora. Amadora, é periferia de Lisboa (a gente fez um documentário sobre o local e você pode ver no YouTube). Aqui em Portugal, quem mora na Amadora sofre preconceito logo de cara, porque é visto por muitos locais como um lugar perigoso. Veja: a grande maioria dos moradores da Amadora, é formada por imigrantes, em especial africanos, brasileiros e galera do sudeste asiático.
Eu morei na Amadora até abril deste ano. Tive 0 problemas, como é óbvio. Aliás, Amadora é um dos lugares aqui que, pra mim, mais se parece com o Brasil periférico, dos trabalhadores, do povo que ri e se diverte com pouco…
Mas esse texto é sobre Dino, não sobre mim.
Dino vai pegar um táxi para essa Amadora que eu acabei de contextualizar pra você. O taxista, um senhor português, se recusa a levá-lo quando ele diz que vai para a Amadora. Inventa desculpas e não leva. Dino filma o homem, a placa do carro e diz que vai denunciá-lo. Ele permanece irredutível.
Nas redes sociais, o vídeo viralizou.
No fim das contas, quem levou Dino pra casa foi Silvani, um brasileiro, a quem o cantor agradeceu publicamente, levantando ainda a bola da importância da imigração, tão rechaçada por muitos portugueses.
Dino foi àquele lugar com um amigo para “relembrar os velhos tempos”, mas diz agora lembrar do real motivo de nunca mais ocupar aquele espaço.
Uma das músicas mais famosas de Dino fala de uma “Nova Lisboa”, uma “Lisboa criola”. Ao que tudo indica, essa Lisboa continua existindo mesmo só no imaginário de alguns e na letra da música.