Falando de amor

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Quando a gente é criança é mais fácil falar de amor. A gente fica velho, e quanto mais velho, quanto mais endurecido pela vida, quanto mais sofrimento no corpo, mais injustiça, mais raiva, 

menos vontade de falar de amor. 

Menos fé no amor.

Eu não sei. 

Eu sinto saudade de falar de amor. Saudade de um tempo que eu considerava o amor um troço simples, até natural, como pegar água na geladeira. Uma colher de doce de leite. Um biscoito Maizena.

Eu machuquei, mas eu também tô machucado demais pra falar de amor. E ao mesmo tempo, queria.

Talvez eu precise deixar a criança dentro de mim vir pra superfície. A criança perdoa. Queria voltar a ser criança, e esquecer que o mundo é tão feroz.

Escritor e ativista social, nascido em Madureira, Rio de Janeiro. Em 2016 lançou Rio em Shamas, indicado ao Jabuti de 2017, pela Editora Objetiva. Foi roteirista na Rede Globo e Multishow/A Fábrica, colunista da Folha de São Paulo e Metrópoles.

somos a primeira voz
que você ouve pela manhã.
a última com você na cama.

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