O sexo baunilha e a hierarquização do sexo

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O problema atual do sexo é a maneira como o vemos, a presos numa visão muito antiquada e reduzida, com o prazer falocêntrico e compreensão do sexo como sendo ainda somente penetração.

Essa ideia dualista e reducionista, que se inicia nos gêneros e reproduz diversas expectativas de cumprimentos de papéis, coloca o sexo como um ato performático em que basicamente há somente dois lados: em que um se submete e outro domina.

O BDSM prega bastante isso, mesmo que tente ampliar essas concepções com conceitos mais amplos como switcher (que é a pessoa que domina, mas que também pode se submeter; ou que é ativo, mas que também pode ser passivo), culminando sempre em mais um grande leque de visões dualistas do ato sexual. Um grande museu de novidades.

O sexo baunilha é o considerado desprovido das práticas BDSM. Nesse tom pejorativo bem de derrota mesmo. Como se houvesse uma hierarquia implícita e todos nós fôssemos mais ou menos que os outros de acordo com os nossos fetiches ou com o nosso desinteresse ou desconhecimento para tal.

Sabe quando você mete olhando no olho, de frente, beijando, goza de mãozinha dada, nessa conexão tão necessária para o prazer e o ato sexual? Esse é o sexo baunilha. Mas pro BDSM, é como se a gente, se não tiver tomando tapa na cara, de chicote na mão ou vestido de dominatrix, não tivesse fazendo sexo direito e ainda tivesse que se sentir mal por isso.

O que o BDSM não entende é que o sexo transcende as suas práticas listadas e pré-estabelecidas e não necessita de rótulos para ser considerado sexo bom ou ruim. Isso é algo que eles inventaram e querem que a gente acredite. Aí tem o outro extremo, que é o sexo baunilha ser romantizado e reduzido a um “sexo com amor” por ser mais intenso, entregue e profundo. Essa visão de entrega e profundidade deveria na verdade ser atribuída à própria prática fetichista, já que deveria ser só em relações de profunda confiança que deveríamos praticá-los. Mas a galera num tá preparada pra essa conversa.

É uma mania de desumanizar o sexo, como se ao tratá-lo de forma casual, também o transformássemos em superficial, vazio e banal. E sexo é bem mais do que isso.

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