PÁ PÁ PÁ
Leitura: 2 minPÁ PÁ PÁ
Correria na calçada, geral pra dentro de casa, o cômodo que tiver mais entre paredes, debaixo da cama, do armário, da mesa.
Medo de ricocheteio.
Som de respiração suspensa. Medo com costume no ar.
Tem bandido ali não. Cê tá loko? Aqui é trabalhador!
Barulho duzôto. Passos pesados, mas rápidos.
Espera.
Espera.
Bora sair, ver o que foi desta vez.
Arrumados pro culto, passamos tentando não olhar o corpo estendido sem vida ali onde à tarde estávamos fofocando com a vizinhança.
Eu espreitei assim de lado, porque foi mais forte que eu.
Volta no tempo uns 5 anos. Casa de vó, paterna. Um dos tios favoritos, do exército, está deitado na cama, depois de um almoço de domingo rico em fubá e umas chachaça nas idéia.
Juntou um punhado de primo. Um vigiava se o tio acordava, outro já sabia o esconderijo, levantamos a beira do armário e lá estava ela, brilhante, pesada, muito pesada.
Todo mundo segurou, apontou, tremeu. Depois largou – naquele dia não teve desastre ali.
Só que todo dia tem.
Agora avança no tempo. Centro de treinamento da militar. Tem um lugar específico pra descarregar a arma.
Enganchou o gatilho. Tiro pro lado errado. Acidente.
Gente com licença. Com treinamento. E dá mer*da.
As estimativas mundiais apontam para 250 mil m*rtes por ano com armas de fogo.
Em primeiríssimo lugar: Brasil.
Aí vai um imbecil em rede de TV Argentina ser covarde como de costume, e passar vergonha, também como de costume, pois como disse o jornalista que estava no ar no momento “os argentinos são muito bondosos por receber esse tipo de gente”.
O clima por conta da candidatura de Javier Milei tá pesado, e los hermanos argentinos não merecem isso.
E ainda completaram dizendo que os brasileiros tiveram sorte de não ter mais o pai de 03 no poder.
Só que, não sei se eles não estão no poder ainda, de alguma forma.
Uma metralhadora invisível tá na mão dessa gentinha, e o esgoto continua no lugar onde deveria ser a boca.