Parem de nos matar

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No último sábado (27), mais um jovem negro de 17 anos foi assassinado pelo estado brasileiro e pela política de morte de Cláudio Castro (PL). O caso se deu após confronto entre a Polícia Militar (PMRJ) e traficantes da comunidade Grão Pará, em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. A vítima, Marlei Antunes de Jesus Santos, foi atingida por uma bala “perdida” dentro de casa. E também atingiu a sua namorada, que ainda se encontra internada.

A bala “perdida” tem sempre o mesmo destino: o corpo preto. Não é por acaso e não é por um acidente. Trata-se de um projeto político de governo, com a finalidade de ceifar a vida de pessoas pretas, pobres e periféricas. Marlei não pode ser apenas mais um número nas estatística, o genocídio do povo negro demarcado pela instituição policial precisa ser combatido. 

A única política que sobe a favela com eficiência é a da morte. Somente em 2020, 415 pessoas foram assassinadas em operações policiais na capital fluminense. Dentre os 15 municípios com maior taxa de letalidade policial do país, oito posições são marcadas no estado do Rio. Dados do Fórum Brasileiro de Segurança.

A família da vítima precisou fazer empréstimo para conseguir enterrar e se despedir com o mínimo de dignidade de seu ente, não existem palavras que sejam capazes de explicar o fetiche que o Estado brasileiro tem em dizimar esses corpos a quase quatro séculos. A sua morte não pode ser em vão. Quantos corpos serão preciso para fazer uma Revolução? Nós pedimos e lutamos por muitos direitos sociais, mas o essencial ao povo negro é negado: o direito a vida.

O Estado brasileiro precisa ser responsabilizado pelas suas ações e pela barbárie que promove no campo social, pois, no hoje, as famílias além de sofrerem com o luto de seu familiar, precisam ainda se endividar para oferecer um enterro e uma despedida decente.  

Em curso das eleições presidenciais, temos também o curso das eleições para governador, e, no estado do Rio de Janeiro, nós enquanto sociedade civil temos a missão fulcral de expulsarmos e pararmos a lógica dessa política de morte defendida pelo atual governador. Segundo o Datafolha, o único candidato ao cargo que tem chances reais de ganhar o atual genocida corrupto, é o deputado Marcelo Freixo. Então, será Lula lá e Freixo aqui, para a partir desse feito ser possível pensar em um projeto de vida que não somente a sobrevida até a última bala “perdida”.

Uma travesti não-binária, preta, bissexual, ativista e estudante carioca. Escrevo pra libertar o grito entalado na garganta e pra curar feridas que não são somente minhas.

somos a primeira voz
que você ouve pela manhã.
a última com você na cama.

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