Quando negros têm poder, há justiça

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O Colégio Porto Seguro, em Valinhos, escolheu não entrar para a História como parceiros de criminosos, racistas e declarados neonazistas. Os criminosos, aqui, sâo os estudantes. “Crianças”, vão dizer os parentes dos criminosos. Mas não. São criminosos, neonazis, racistas, e daí é um pulo pra serem assassinos, estupradores, vagabundos brancos. Ou que PENSAM que são brancos.

Aliás, eu ainda sou da geração que não entende como tem NEONAZISTA NO BRASIL.

Se o nazismo é baseado no arianismo, conceito de RAÇA PURA, COMO isso pode existir num país mestiço, inclusive chamado de mestiço pelos próprios alemães, que CRIARAM essa ideologia?

Que exista extrema direita, eu entendo. Porque é um pensamento político baseado no ódio de minorias. A maioria não precisa ser geneticamente “pura” ou branca. Mas neonazismo, é de lascar.

O Colégio tomou a decisão de expulsar os pilantras.


Do nada?

Óbvio que não. 

Ontem, no Fantástico, uma reportagem que colocou o Colégio contra a parede. Havia vozes na comunidade escolar defendendo que os criminosos deveriam continuar na escola. Pais de alunos, advogados, defendendo “liberdade de expressão” segundo a Lei de Monark, o Falador de Merda Geral da República. 

Pela manhã, a direção da rede escolar, em São Paulo, sentiu. Mandou o diretor de Valinhos aplicar pena máxima, e expulsar os clientes, vulgo estudantes, pra nós, criminosos.

Foram avisados pela manhã, por telefone, os pais dos alunos que, desconcertados, tentaram argumentar. Pau no lombo. 

Isso não foi do nada. O pai e a mãe do aluno que denunciou o caso são pessoas de classe média. O pai, que veio do Congo, é um profissional da tecnologia, muito bem remunerado. A mãe, advogada. Estamos falando de classe média aqui, senhores.

E quando na classe média temos representatividade de minorias, a justiça muda de lado. Porque todos estão disputando com o mesmo poder. O Brasil ainda é essencialmente escravocrata, não aceita que uma pessoa negra seja da classe média. Mas apenas quando essa minoria alcançar espaços que hoje são hegemonicamente brancos, vamos ver o racismo estrutural ser questionado e derrubado. Isso aconteceu porque os neonazi bateram de frente com uma familia negra de classe média. Poder econômico e político ao povo negro é o que pode garantir o fim do racismo.

Escritor e ativista social, nascido em Madureira, Rio de Janeiro. Em 2016 lançou Rio em Shamas, indicado ao Jabuti de 2017, pela Editora Objetiva. Foi roteirista na Rede Globo e Multishow/A Fábrica, colunista da Folha de São Paulo e Metrópoles.

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