Sobre imigrar e estar distante do que realmente importa

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Eu me acostumei com a vida de imigrante. Sinto falta, sinto saudades, mas construí a minha nova vida aqui, em Portugal. Não que ela seja definitivamente aqui. Mas definitivamente, não é mais no Brasil.

Eu nunca me distancio das minhas raízes, de quem eu sou, de onde eu vim. Mas eu também não me sinto uma pessoa presa a lugar nenhum. Nem ao Brasil, nem a Portugal. Acho que percebi isso quando minha mãe me disse que se eu não estava feliz ou satisfeita com algo, eu que me movesse, porque eu não era planta, não tinha raízes. Eu entendi o recado.

E me movi.

Então muito antes de eu vir pra Portugal, eu já tinha construído a vida em outro período da vida em uma cidade diferente daquela onde eu tinha crescido e onde estava basicamente toda a minha família. Isso tornou menos dura a adaptação quando vim pra cá, apesar de eu não poder mais entrar no carro e ir visitar minha família em uma hora ou duas. Agora são algumas centenas de euros, muitas horas de avião, 10 mil quilômetros e um oceano no meio.

TUDO ISSO PRA DIZER: hoje é um dos dias no ano em que eu sofro por estar longe do Brasil. É a quarta vez seguida que, depois de 31 anos, eu não passo o aniversário da minha mãe com ela. Minha mãe que foi quem me empurrou a ir fazer faculdade e que me disse que eu devia me mover quando não estivesse satisfeita. Ela que, como boa brasileira, rala em dois empregos e chora quando pensa que poderia ter ido me visitar mais vezes quando eu morava perto. 

Eu reclamo de coisas do dia a dia, mas não reclamo de ser imigrante. Exceto em dias como hoje, que eu só queria poder entrar no carro e ir dar um beijo de feliz aniversário na dona Ana. Não vai rolar, mas esse texto é uma homenagem que eu não poderia deixar passar.

Feliz dia, mãe. Amo você.

PS.: a foto, obviamente, já tem quase quatro anos, mas era o que tinha pro momento.

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