Sobre mim e a maternidade

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Eu tenho 35 anos. E, a partir de hoje, eu tenho mais anos sendo mãe do que não sendo. Meu filho faz 18 anos. Eu fui mãe aos 17. Sozinha. Como é bem comum num Brasil onde 5 milhões de crianças, sequer, têm o nome do pai na certidão de nascimento. Não é o caso do meu filho. Ele tem e não serve pra nada. Irônico que ele sempre faça aniversário perto do dia dos pais, rs.

Se você não foi mãe tão ou mais cedo, você não faz ideia da solidão que é. Se ver grávida aos 16. Se tornar mãe aos 17. Abrir mão de um início de vida adulta considerado normal pelos padrões sociais. Ser julgada pelo que chamam de “suas escolhas”.

Cê acha mesmo que, em sã consciência, alguém escolhe ser mãe aos 17? Com nenhuma estabilidade. Financeira, profissional, emocional. Ser humano nenhum tem repertório pra cuidar, educar, tratar, manter, ensinar aos 17.

E saiba: qualquer comentário do tipo: abriu as pernas porque quis, vai ser excluído.

Eu fiz, sempre e a cada dia, o meu melhor. Olho pra trás hoje e penso: se eu soubesse tal coisa há 15 anos, teria feito diferente. Se eu tivesse escolhido aquele caminho, teria sido melhor. Eu penso nisso, mas sem me culpar; sem me punir. Porque eu fiz o melhor que eu pude com as ferramentas que eu tinha. E fiz um bom trabalho, modéstia à parte.

Na verdade, eu contrariei as expectativas que criaram de mim. Eu decepcionei muita gente que deve ter rezado pra deus pra eu “dar errado na vida”. Porque, mesmo mãe, eu encontrei uma profissão que eu adoro. Eu fiz faculdade e terminei o curso com a melhor média da turma. Sempre trabalhei em boas empresas. Vivo fora do Brasil. Tenho casa. Isso vindo de uma pessoa que estudou à noite, trabalhou durante o dia tendo um filho de cinco anos, uma casa pra cuidar, sozinha numa cidade nova… Tive ajuda da minha família nos primeiros anos. Mas a responsa, sempre foi minha. Era uma marimba que eu tinha que segurar. Sozinha. E aí: eu segurei.

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