Tem guerra no quintal
Leitura: 2 min“Nossa, Cínthia, você só vai falar de guerra agora?” VOU! O Brasil está em guerra. Há décadas. É uma guerra da PM contra preto e pobre. E ela ganha novos capítulos todo dia. Aqui e ali.
Hoje, foi na Bahia. A Polícia Militar matou três pessoas em Salvador, na comunidade Solar do Unhão, que fica na região conhecida por Gamboa. Eram 2h da manhã. A PM chegou abrindo fogo. Jogou gás lacrimogênio. Três pessoas foram atingidos. Todos morreram.
Alexandre dos Santos (foto) tinha 20 anos. Patrick Sapucaia não teve a idade revelada. Uma mulher de 30 anos, que não teve o nome divulgado, era portadora de deficiência intelectual (não sei ainda qual, estou repetindo da forma como foi dito na mídia local).
A polícia relatou que os três mortos teriam feito uma pessoa de refém e entrado numa troca de tiros com a PM, o que os moradores negam. Tanto que Silvana dos Santos, que é mãe de um dos rapazes mortos, o Alexandre, reforçou que os policiais chegaram já atirando e ao pedir para ver o filho baleado, teve o pedido negado pelos PMs, que apontaram a arma para o rosto dessa mãe.
Repercussão
Hoje de manhã, houve um protesto de moradores na região, na Avenida Lafayete Coutinho. Todos negam que houve troca de tiros e reafirmam que a PM chegou ao local e apenas atirou. Nesse protesto, os moradores fecharam a avenida, o que resultou na presença da polícia. Existem acusações de que os policiais que estiveram nessa operação, estariam drogados.
O tenente-coronel Nilson, que é comandante da Polícia Comunitária, esteve no protesto e não comentou as acusações, apenas reforçou que houve troca de tiros entre as vítimas e a PM. “Eles trocaram tiros. Eu presenciei inclusive as armas, vi as drogas e tudo, as cápsulas todas deflagradas. Houve troca de tiros. Os policiais já estão na Corregedoria sendo ouvidos, vai ser feita a perícia, vai ser tudo feito de acordo com a lei. São uns 10 policiais, foram três guarnições”, disse ele.
Mais um dia da guerra que tem CEP e cor.