Gaslighting: a palavra do ano pelo Merriam-Webster
Leitura: 2 minO G1 noticiou que a palavra do ano – eleita pelo dicionário Merriam-Webster, da editora estadunidense de mesmo nome – foi gaslighting. O título se deu após o aumento de 1.740% nas buscas pelo termo no site do dicionário em 2022, comparado ao ano de 2021.
Gaslighting é um termo que aparece no dicionário pela primeira vez em 1944, com referência ao filme estadunidense “Gaslight”, dirigido por George Cukor, e traduzido no Brasil como “À meia luz”. O filme é baseado na peça de mesmo nome, de 1938, de autoria do dramaturgo britânico Patrick Hamilton. Na trama, um homem tenta convencer sua mulher de estar ficando louca, a fim de ficar com sua fortuna.
No campo da saúde mental, gaslighting é descrito como uma forma de violência psicológica, em que o manipulador objetiva minar a confiança de alguém, fazendo a pessoa duvidar de si mesma e acreditar que está ficando louca, com o fim de torná-la mais dependente dele e ter mais poder sobre ela. Sei bem. E muita mulher por aí também. Embora possa ocorrer em outros âmbitos, como entre parentes e colegas de trabalho, esse tipo de violência está muito ligado ao campo afetivo e às mulheres do mundo cis-hetero-normativo. Quem nunca foi chamada de louca por um homem a fim de ser descreditada ou se tornar mais dependente dele que atire a primeira pedra.
Normalmente, quem pratica gaslighting é alguém muito inseguro ou narcisista, que precisa minar a confiança de outra pessoa para se sentir desejado ou menos merda consigo mesmo. Esse tipo de violência, busca o poder de uma pessoa sobre a outra. Aos poucos, você é isolada de todos à sua volta e vai acreditando só em seu abusador. Ele se torna a sua maior referência.
É muito comum que vítimas de gaslighting sofram por bastante tempo com sentimentos como autossabotagem e perda de autoconfiança. Ter sofrido gaslighting faz até hoje com que eu duvide do que sinto e do que vivo com frequência. Não esqueçamos que a dependência causada pelo enfraquecimento de mulheres sempre foi um instrumento de poder da sociedade.
Embora tenha me isolado de muitas pessoas durante o relacionamento, depois de minha separação, isso que fez com que eu aprendesse a acreditar bastante em mim mesma e na minha razão, quando me vi sozinha na percepção de que acabava de sair de um relacionamento abusivo. A saída é procurar ajuda psicológica para lidar com essas sensações e aprender a recuperar a confiança em si mesma, trabalho longo, contínuo e muitas vezes confuso em nossa trajetória de vida, quando estamos imersas nessa sociedade que tenta nos convencer do contrário o tempo todo.