Dia Nacional da Luta contra a Gordofobia
Leitura: 2 minComemorado no último sábado (10), o Dia Nacional da Luta contra a Gordofobia já é por si só um exemplo da dificuldade que encontramos nessa luta. A data era conhecida como “Dia do Gordo”, sendo usada de maneira pejorativa e “engraçadinha” por vários meios de comunicação.
Na verdade, trata-se de um dia que busca conscientizar a sociedade sobre a luta pelos direitos e pela importância do respeito para com as pessoas gordas. Como uma data de afirmação e resistência, este dia vem sendo ressignificado no Brasil através de diversas ativistas e pesquisadoras do corpo gordo como Adriana Santos, do movimento Vai Ter Gorda, de Salvador; Malu Jimenez, filósofa e artista, doutora em Estudos de Cultura Contemporânea pela UFMT; a ativista e mestre em comunicação Jéssica Balbino; a militante e atleta Ellen Valias; a influenciadora e dançarina Thaís Carla; a jornalista e ativista Naiana Ribeiro; Agnes Arruda, pesquisadora e doutora em Comunicação, além de muitas outras, sempre invisibilizadas nessa luta interminável e ainda praticamente invisível.
Vivemos numa sociedade que ainda se questiona se gordofobia é crime. Numa sociedade que culpabiliza e desumaniza esses corpos, que não têm sequer seus direitos mais básicos, lugares e espaços garantidos.
A gordofobia não é só sobre a aversão ao corpo gordo: é sobre a perda de direitos, indo desde um direito básico de não ser tratado com dignidade por um médico num hospital, até não ter uma cadeira que caiba o seu corpo em um evento, em um ônibus, em um avião. É viver num mundo em que seu corpo não cabe, que é visto como errado, doente e vergonhoso o tempo todo. É ter quase nenhum produto ou espaço projetado para o seu corpo: roupas, brinquedos eróticos, móveis, estruturas prediais, etc.
O que podemos dizer se, em 2022, ainda temos filmes que utilizam o fatsuit (roupas de enchimento) e que não dão oportunidades a atores gordos fora do contexto risível ou monstruoso, ajudando assim, também, a perpetuar toda essa estrutura gordofóbica e patologizante que nos rodeia? Nada temos a comemorar. Desejo que tenhamos forças para seguir lutando pelo direito mais básico que temos: o de existir.