Dopadas no uber
Leitura: 2 minEu não sei vocês, mas eu entro em carro de aplicativo cheia de medo sim, principalmente se for corrida longa e pra lugar que não conheço. São muitas as histórias de amigas, conhecidas e desconhecidas assediadas de diversas formas, desde o motorista que solta frases como as que eu sempre ouço, “você mora aqui?” ou “aqui é a casa do seu namorado, princesa?”, até motoristas que mudaram rotas de forma assustadora no meio do trajeto sem nenhuma explicação, mulheres que saltaram de carros em movimento ou coisas parecidas.
Só a gente sabe o alívio que é quando a gente entra num carro e se depara, finalmente, com a rara opção de fazer uma corrida de carro de aplicativo com uma motorista mulher. Posso contar nos dedos as vezes que andei com motoristas mulheres. Como em 99% das vezes os carros são dirigidos por homens, inúmeras foram as vezes em que menti que era casada pra não ser mais assediada, ou que simulei falar com meu pai ou um namorado imaginário no telefone, só pra que não me dirigissem mais a palavra ou eu me sentisse mais segura. Fora nunca aceitar água ou balinha nenhuma com medo de ser drogada e estuprada.
Aí agora eles tão inovando: dopando mulheres com produtos químicos em spray. Conforme reportagens de diversos veículos de jornalismo como Uol e G1, foram muitos relatos de vários estados do Brasil, em que mulheres contaram ter passado por essa prática. O motorista fecha os vidros traseiros do carro e aplica um spray estranho no carro, de cheiro forte, causando tonturas e visão turva, entre outros sintomas, nas passageiras mulheres. As empresas de carros de aplicativos só dizem ter bloqueado os motoristas, e pelo que vejo não há muito controle ou criminalização desses casos.
E a gente faz como? Fica mais ligada do que nunca, continua dizendo que tem namorado, ou que tá indo pra casa do namorado, que não mora ali, que o pai tá esperando no local de destino e ou leva spray de pimenta e canivete na bolsa sempre. É o jeito.