“Ensaio sobre a cegueira” – versão brasileira Herbert Richards
Leitura: 2 minCês já ouviram falar do Ensaio sobre a Cegueira? Um livro (e filme) do grande autor português José Saramago, onde tem uma epidemia de cegueira. Não vou dar spoiler, não. Mas pra você ter uma ideia, é isso: tem uma epidemia de cegueira. Quase todo mundo, de repente, fica cego. “Do nada”. Geral começa a enxergar tudo branco. Todo mundo em quarentena e a epidemia continua crescente. Uma história com uma lição, em especial, sobre ética e moral.
Qualquer semelhança com a realidade brasileira atual, não é mera coicidência.
“Do nada” metade do país ficou cego. Só enxergam branco. HA. BRANCO. Parece até o Brasil colonial que vota em Bolsonaro, protesta, fecha estrada, mata preto, se sente superior. Pouxa…
Esse momento bizarro que o Brasil tá vivendo, pra mim, passa demais pela obra de Saramago. É tanto absurdo, que a gente ainda se surpreende.
Depois de tudo que esse governo em ritmo de saída fez, ainda tem “cegos” que o defende. Houve morte, no sentido literal da palavra. Houve fome. Houve desemprego. Houve inflação. Rolou de tudo. E os caminhoneiros que nunca pagaram tão caro no diesel quanto nestes quatro anos, tão onde? Metendo o fogo, literalmente, nas rodovias do país. Impedindo a passagem de gente que precisa trabalhar, que precisa de hospital, que precisa seguir a vida.
Cegueira. Burra.
Pode até ser que não haja golpe. Mas o silêncio dos não tão inocentes assim (leia-se Bolsonaro), só fomenta ainda mais o ódio, o horror, o fogo. Ele pode até não reconhecer que perdeu, mas perdeu. E nós, que sempre perdemos com ele no poder, continuamos perdendo agora com o aval dos mais de 58 milhões de brasileiros que, sabe-se lá o porquê, defendem esse homem, esse projeto de governo. Cegueira branca? Cegueira burra? Cegueira alienada? Cegueira!
Enquanto isso, a mesma PRF que impediu nordestinos de votar, que matou Genivaldo numa câmara de gás improvisada, faz o papel vergonhoso de fechar os olhos para o que acontece neste momento em todo o país. E não só: o diretor da instituição de segurança de
estradas do país, pede dinheiro para resolver a situação. 970 mil. Saca?
Pode não haver golpe, mas essa, creio eu, é só a primeira manifestação golpista de uma série de merdas que vai acontecer no Brasil nos próximos meses. E Lula, coitado, tem uma bomba nas mãos, que eu espero que ele saiba desativar.
Enquanto isso, seguimos no paradoxo de comemorar o fato de que, ao menos por enquanto, estamos livres de Bolsonaro no poder, e temer o fato de o bolsonarismo estar mais vivo que nunca na câmara, no congresso, nas estradas, nas igrejas, nos lares, no comércio e em cada canto desse país. Fujam, não para as colinas, mas talvez, para o Nordeste.