Grey’s Anatomy: Fofoca D’or

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Eu parei de gostar de Grey’s Anatomy depois que eu descobri que aquilo NÃO ERA UM HOSPITAL PÚBLICO.

Porra. Me amarrava na Shonda, mas aí me disseram que lá não tem SUS, OU SEJA, aquele monte de médico e médica gata,
inteligente, cheiroso (espero), cheio de tiradas com diálogos que torna uma emergência um lugar delicioso de
viver, apesar dessa perna decepada por um ônibus com 300 turistas que se acidentaram e estão agonizando nos corredores,

e aquele elefante entrando perguntando por uma certa Dona Lourdes, oh wait,
ele TÁ PISANDO NA

Então.

Nesse ambiente de miséria humana, nada como um diálogo bem construído, e umas piadinha pro público cringe.

Mas aquele hospital, tão maravilhoso, COBRA UMA CARALHADA DE DINHEIRO POR UM BAND-AID. Ao ponto de ter gente
que sai mancando pela rua com a perna quebrada só pra não olhar pra cara da Doctor Grey, que vai ajeitar
tua perna, mas vai te amassar dentro do POÇO do SERASA. Vai ter duas pernas, e o Santander vai levar tua casa.

Céloko.

Fora que o hospital, o Seattle Grace Hospital devia se chamar FOFOCA D’OR.

Camarada. É uma fofocaiada do caralho o DIA IN TEI ROU.
Ninguém ali naquela emergência tem vida privada. É a cirurgiã que come o neuro, o orto e mais 8 enfermeiros,
é a assistente que faz OnlyFans passando a xereca no FÍGADO do paciente na mesa de cirurgia,
É o chefe daquela merda, visivelmente frustrado de trabalhar com colegas tarados e taradas, falsidade do
caralho, gente devendo dinheiro, evangélico entregando folhetinho pra culto de curar vesícula, eu não sei
porque ele não pega um currículo e vai trabalhar numa clínica, um consultório, uma ONG, minha bunda.

MAS SABE PORQUE TU VÊ?
Porque ninguém quer saber de ciência.
A GENTE GOSTA É DE TER ALGUÉM PRA FALAR PELAS COSTA,
MESMO QUE ESSA PESSOA SEJA DE MENTIRINHA.

O melhor do Brasil é o fofoqueiro.
A gente vê Netflix pra TREINAR nossas habilidades fofoqueiras.
O dia que a Netflix entender isso, domina o mercado.

Escritor e ativista social, nascido em Madureira, Rio de Janeiro. Em 2016 lançou Rio em Shamas, indicado ao Jabuti de 2017, pela Editora Objetiva. Foi roteirista na Rede Globo e Multishow/A Fábrica, colunista da Folha de São Paulo e Metrópoles.

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que você ouve pela manhã.
a última com você na cama.

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