Nixon e o sistema
Leitura: 2 minNa madrugada de 9 de maio de 1970, precisamente às 4 da manhã, o carro oficial de Nixon, então presidente dos Estados Unidos, parou em frente ao Lincoln Memorial, aquela estátua daquele sujeito sentado.
Nixon era uma pessoa atormentada.
Era protestante, quaker, o cara da caixa de aveia?
Então. Crente. Conservador. Republicano. Os quakers são crentes.
Crente faz aveia. Quem faz cachaça é Monja Coen.
Na verdade, crente deveria fazer cachaça.
Jesus fazia.
Ia pras resenha na Jerusalém boêmia, e transformava água da bica em Moet Chandon.
Nixon subiu as escadas do Memorial, naquela madrugada.
Havia manifestantes contra a guerra do Vietnã deitados no chão, jovens, universitários e de movimentos sociais.
Eles viram Nixon, e foram falar com eles. Imagina. Você dormindo num protesto, quando acorda, é o presidente.
Uma jovem perguntou a Nixon porque ele não podia parar uma guerra que os vietnamitas não queriam, os Estados Unidos não queriam, e até ele, Nixon, disse que não queria, porque já tinha reduzido as verbas de guerra.
E Nixon disse que era complicado demais. Então a jovem disse:
-Você é presidente, mas não tem poder. O sistema quer a guerra. Você na verdade não tem poder de parar a guerra. O sistema é uma besta selvagem.
Nixon desceu dizendo que levou 25 anos na política pra entender o que uma jovem de 19 anos lhe disse.
O sistema.
O Estados Unidos são uma besta fera.
Não podem parar a guerra, apenas continuar em guerra.
E é nessa cena, que Oliver Stone recriou, que eu penso, quando falamos de Afeganistão.
O sistema.