O avanço do militarismo nas eleições
Leitura: 2 minGabriel Monteiro, atual vereador do Rio de Janeiro (sem partido), ex-policial militar e youtuber, está sendo acusado de uma série de crimes, dentre eles, a de assédio sexual contra funcionários. As denúncias foram exibidas no último domingo (27) no programa “Fantástico”, da Rede Globo.
A reportagem também mostrou cenas de vídeos postados em suas redes que, supostamente, teriam sido manipulados para, por exemplo, apresentar uma troca de tiroteios entre policiais e traficantes. Além disso, na versão editada, há cenas em que o vereador aparece ajudando uma criança que, teoricamente, estaria sem comida.
De acordo com dados disponibilizados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), houve um crescimento de candidaturas de ex-policiais e militares em relação às candidaturas de 2016.
Com a pouca regulamentação no país acerca desse assunto e a crescente onda de bolsonarismo, vemos uma ameaça à democracia se tornar cada vez mais latente. Toda e qualquer profissão pode ter uma participação político-partidária, no entanto, as atividades de segurança pública não deveriam se tornar um degrau para fins políticos e/ou pautas partidárias específicas, como vem acontecendo nos últimos anos.
Em 2018, Daniel Silveira foi eleito deputado federal pelo Rio de Janeiro, ano em que ocorreu o assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes. No mesmo ano, Daniel Silveira participou de um ato em que, junto de Rodrigo Amorim, deputado estadual eleito pelo Rio de Janeiro, quebrou uma placa de rua que homenageia a vereadora Marielle Franco.
Daniel Silveira também fez parte da Polícia Militar antes de se tornar deputado. Já em 2019, mais uma ação do deputado chamou atenção, quando junto de Rodrigo Amorim, entrou no Colégio Pedro Segundo, no Rio de Janeiro, para realizar uma “vistoria” em busca de um suposto material de conteúdo político.
Soma-se isso aos crescimento dos movimentos de extrema direita nos últimos anos, sendo que todos eles recebem apoio do atual presidente, Jair Bolsonaro. Além do aumento das candidaturas de militares, vemos o aumento de falas sexistas feitas por essas figuras políticas, de direita, que ganharam força nas falas machistas e emblemáticas de Bolsonaro, desde os seus tempos de deputado. Isso fortalece pessoas como Arthur do Val, conhecido como Mamãe Falei por causa de seu canal no Youtube.
Há poucas semanas, Arthur fez vários comentários misóginos a respeito das mulheres ucranianas em áudios trocados com amigos. Na ocasião, ele disse, por exemplo, que “são fáceis porque são pobres”. Após o vazamento de seus áudios, Arthur do Val, que até então era pré-candidato ao governo de São Paulo, retirou sua candidatura. Sua postura foi rechaçada por Bolsonaro e aliados, mas bem sabemos que esse movimento de violência contra a mulher, contra funcionários, contra negros, é uma crescente que parte de um movimento emplacado por um homem: Jair Bolsonaro.