O que é o Transtorno do Espectro do Autismo (TEA)?
Leitura: 2 minUma das crianças que a Coluna de Terça vem acompanhando em episódio de violência em Portugal é diagnosticada no transtorno do espectro do autismo. Você sabe do que se trata? A seguir, uma síntese de elementos sobre o TEA.
O TEA reúne desordens do desenvolvimento neurológico e simbólico que até pouco tempo eram classificadas separadamente: Autismo Infantil Precoce, Autismo Infantil, Autismo de Kanner, Autismo de Alto Funcionamento, Autismo Atípico, Transtorno Global do Desenvolvimento sem outra especificação, Transtorno Desintegrativo da Infância e a Síndrome de Asperger. Contudo, hoje o TEA é classificado conforme o nível de suporte: 1, 2 ou 3.
Pessoas dentro desse espectro podem apresentar déficit na comunicação social ou interação social, linguagens verbal ou não verbal, habilidades socioemocionais e padrões restritos e repetitivos de comportamento, como movimentos contínuos, interesses fixos e hipo ou hipersensibilidade a estímulos sensoriais.
Todos os pacientes com autismo partilham dessas dificuldades, embora cada um seja afetado em intensidades diferentes. Embora ainda nomeado autismo infantil, pelo diagnóstico ser comum em crianças, essas são condições permanentes, acompanhando a pessoa por todas as etapas da vida.
Suas causas não são totalmente conhecidas. Há evidências de que as causas hereditárias explicariam apenas metade do risco de desenvolver TEA. Fatores ambientais que impactam o feto, como estresse, infecções, exposição a substâncias tóxicas, complicações durante a gravidez e desequilíbrios metabólicos teriam o mesmo peso na possibilidade de aparecimento do distúrbio.
Rotular como ESPECTRO é por esses distúrbios se apresentarem em níveis diferentes de intensidade. Há quem receba o diagnóstico de alta funcionalidade, apresentando prejuízos leves, os quais podem não criar impedimentos para estudar, trabalhar e se relacionar. Com média funcionalidade, há um menor grau de independência e a necessidade de algum auxílio a funções cotidianas. No caso de paciente de baixa funcionalidade, temos dificuldades graves e costuma necessitar de apoio especializado ao longo da vida.
O TEA pode ser acompanhado de habilidades impressionantes, como facilidade para aprender visualmente, muita atenção aos detalhes e à exatidão; capacidade de memória acima da média e grande concentração em uma área de interesse específica durante um longo período de tempo.
O diagnóstico de TEA é essencialmente clínico, a partir de observações, conversas, entrevistas, testes específicos. Cada indivíduo dentro do espectro vai desenvolver o seu conjunto de sintomas variados e características bastante particulares. Tudo isso vai influenciar como cada pessoa se relaciona, se expressa e se comporta.
Tudo isso exige que as áreas da saúde, educação e das relações sociais busquem estratégias realmente inclusivas para quem ter TEA encontre o seu lugar no mundo. O que será bom para quem não está no espectro, pois convoca esses setores à reconhecer a singularidades das pessoas, para além da homogeneização das práticas públicas e sociais.
Fonte: Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5) e Portal Autismo e Realidade (https://autismoerealidade.org.br/)