O tal do tamanho único
Leitura: 2 minComo se já não bastassem as marcas que acham que já estão fazendo muito em ter peças tamanho G ou GG em seus catálogos, tem sempre uma que mete esse tamanho único bem no meio da nossa cara. Imagina, eu tenho 117 centímetros de quadril. Sério mermo, que tu acha que eu e Gisele Bündchen vamo caber na mesma peça de roupa? Num f0de.
Segundo o site do movimento Sou de Algodão, iniciativa da Abrapa (Associação Brasileira de Produtores de Algodão) e do IBA (Instituto Brasileiro do Algodão), a tabela de medidas surge a partir do século XVIII, da necessidade de produzir roupas similares devido à demanda dos uniformes nas áreas militares, marinha e exército.
Já no século XIX, a produção do vestuário altera-se do “sob medida” para o “pronto-pra-vestir”, atingindo a grande massa da população urbana. Em 1968, a ISO (International Organization for Standardization), estabelece que as medidas das peças devem ser adequadas ao biotipo de cada país.
Em 1982 é criada a Abravest (Associação Brasileira do Vestuário) no Brasil. Além dela, a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) cria comitês específicos para definir nossas tabelas.
Em 2010 há uma tentativa de mudança, através do SizeBR, projeto do SENAI CETIQT, que durante quase oito anos estudou as formas corporais brasileiras. O processo, finalizado em 2017, concluiu ser quase impossível determinar um corpo padrão para todo o território nacional. Enfim, f0da-se isso tudo.
A verdade é que eu e muitas pessoas sempre tivemos dificuldade de comprar roupas. Essa exclusão do mercado é só mais uma das faces da perda de direitos que a gordofobia entranhada na sociedade produz. Uma sociedade que gostaria que corpos gordos não existissem e que tenta estabelecer um padrão corporal a que absolutamente ninguém alcança. Aí eu falo que o negócio é aprender a se amar e o povo acha que eu tô presa na mesma tecla.
É que se amando, a gente entende que o erro tá na roupa que não cabe em nossos corpos, e não no contrário. E talvez seja assim que passemos a criar marcas independentes, que passem cada vez mais a se preocupar em atender a todos os corpos e bolsos, em vez de exclusividade e lucro. Agora tamanho único? Enfia no cool, viu?