Tá muito cedo pra você encontrar o amor da sua vida
Leitura: 3 minNinguém precisa concordar não, viu? Mas, pra variar um pouquinho, eu vou falar da minha experiência. O que eu vejo é um monte de gente enlouquecida pra ser amada com uma visão muito determinista e fatalista das relações. É tudo muito definitivo, e dramático, e preso a um tempo de que não se tem controle.
Primeiro a gente precisa entender o que é amor e relacionamento pra nós. Porque tudo isso costuma vir envolto na criação que temos, no mundo e na sociedade que vivemos, o que faz com que a nossa visão de mundo seja baseada numa ideia errônea e antiquada de amor-posse e romântico. Que lugar esse amor tem em nossas vidas? Queremos namorar mesmo ou só queremos estar apaixonados? Ou que se apaixonem pela gente? Queremos nos sentir amados já que não nos amamos o suficiente? Sabe, tem que pensar nessas coisas. Que que é amor? Que que é relacionamento? O que isso significa pra gente? Que lugar isso tem na nossa vida? Sabe a diferença entre amor e dependência emocional?
Eu acho que “amor da vida” era pra ser tipo uma conclusão. No fim da vida mesmo, a gente se dar conta de que aquela pessoa que ficou e permaneceu do seu lado era o grande amor da sua vida. E eu acho sim que a gente tem que sempre agir no relacionamento como se fosse o último, o definitivo, senão não há esforço de manter ou permanecer, mas daí a declarar que aquele definitivamente é o amor da sua vida… acho forte demais. E o que a gente mais vê por aí é um monte de “amor da vida” se separando meses depois. Aí você fica ali, se sentindo muito idiota de ter acreditado naquilo.
Até porque é possível que muita gente que esteja em relacionamento tenha os amores de suas vidas fora deles. Porque não é só amor que segura relacionamento. Tem muito mais coisa envolvida. E tem muita gente que entra em relacionamentos por N motivos outros. Conveniências e afins.
Agora, quantos feminicidas também não disseram ter encontrado o amor de suas vidas e mesmo assim agrediram e mataram suas mulheres? Sabe? Há uma prática de abuso inclusive que consiste em bombardear a pessoa amada de amor. “Amor” com todas as aspas que o narcisismo pode proporcionar.
A palavra tem força e poder. O amor da sua vida não era algo pra ser assim tão banalizado. E pra que essa necessidade de declarar algo tão forte?
Fora o fato de que nos tornamos muitas outras pessoas ao longo da vida. Na vida, definitivamente, não somos uma pessoa só. Vamos nos tornando quem queremos ser ao longo dela. E seguimos mudando à medida que vamos experienciando a vida.
Então, amor da vida? Não… eu acho que tá muito cedo pra chegar à essa conclusão. Você pode reconhecer que acha que esse pode ser o amor da sua vida e ver no que dá. Pode, inclusive, “trabalhar” pra que isso aconteça, investindo no seu relacionamento de maneira saudável. Mas afirmar isso categoricamente? Melhor não. É mais sincero, mais franco. Sei bem do que tô falando. De verdade.
Tinha uma época da minha vida em que todos os meus namorados foram os amores da minha vida. Todos abusivos e de quem eu dou graças a deus de ter me libertado. Eu já fui uma dependente emocional.
O que a gente devia sacar logo é que o primeiro amor da sua vida precisa ser você. Pronto. Dorme com essa.