A igreja de Roma

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Quando o cristianismo se torna a religião oficial do Estado, com a “conversão” do imperador Constantino, a inauguração de igrejas em todas as vilas e cidades passa a ser uma POLÍTICA PÚBLICA.

Sim.

O crescimento do cristianismo se dá por IMPOSIÇÃO do Estado, e os sacerdotes eram pessoas de confiança do imperador. Trabalhavam para ele, prestavam contas a ele, por meio do Papa. A Igreja Católica foi ferramenta de controle do Estado e substituiu o Império Romano com o passar dos anos, mergulhando o mundo no que se chama Idade das Trevas.

Esses dias, uma roconha braba aconteceu na igreja evangélica brasileira, especificamente na igreja batista – a corrente histórica e tradicional, ligada à Convenção Batista Brasileira. 

O pastor Sérgio Dusilek foi e está sendo massacrado pelos próprios batistas.

Ele esteve em Nova Iguaçu, num encontro de lideranças evangélicas com Lula, e lá ele disse que a igreja batistas “devia pedir desculpas ao Lula pelo que falou e fez com ele”.

Dusilek não é qualquer pastor. Ele é presidente da Convenção Batista Carioca. Ele tem cargo e  função para representar institucionalmente a instituição. 

Isso foi um golpe para os reacionários batistas, que apoiam Bolsonaro, entre eles, o pastor Josué Valandro, da Igreja Batista Atitude, onde Bolsonaro vai e se ajoelha pra orar, e outras igrejas batistas.

A igreja batista brasileira é covarde e racista, por essência. Na ditadura, apoiaram os militares. Apoiar Bolsonaro é natural. A Igreja Batista da Lagoinha, que pertence a corrente que foi expulsa da Convenção Batista Brasileira, porque são pentecostais – e os batistas históricos não, ela se une às demais igrejas, quando o assunto é covardia e extrema direita.

Vale lembrar que o pastor Henrique Vieira também é batista, tradicional. Vale lembrar que o Rev. Martin Luther King Jr era batista, mas Eduardo Bolsonaro também.

Entende? A merda é muito maior e mais complexa. Eu sou batista.
Nós temos claro que deve existir separação da Igreja e do Estado, mas na PRÁTICA, os pastores decidiram se vender pra política. 

E repetem o modelo da Igreja de Roma, de Constantino.

A igreja tem que sair do palanque. Nem apoiar Bolsonaro, nem Lula.

Porque o principal trabalho de Jesus era curar pessoas, alimentar pessoas, abraçar pessoas – não ideias. Mas nós, igreja, já passamos da fase de sermos seguidores de Jesus, e somos, hoje, seguidores do caos, da morte, do ódio.

Triste fim.

Escritor e ativista social, nascido em Madureira, Rio de Janeiro. Em 2016 lançou Rio em Shamas, indicado ao Jabuti de 2017, pela Editora Objetiva. Foi roteirista na Rede Globo e Multishow/A Fábrica, colunista da Folha de São Paulo e Metrópoles.

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