A pressão estética de cada dia

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Pressão estética é um fenômeno que atinge todas as mulheres, inclusive modelos e pessoas com corpo padrão. É aquele padrão inalcançável que nem os corpos padrão conseguem alcançar.

Ontem saiu uma entrevista com a modelo Cintia Dicker, que está grávida do primeiro filho, fruto de seu casamento com o surfista Pedro Scooby, e que tinha como chamada a seguinte frase: “estou comendo tudo que não comi em 20 anos de carreira”.

Na entrevista, a modelo relata como está com bastante apetite durante a gravidez e também como já teve que cancelar trabalhos, uma vez que seu corpo já apresenta curvas e sua barriga já está crescendo. Afirmou também estar comendo tudo que tem vontade, pela primeira vez em 20 anos de carreira, sem se preocupar em perder trabalhos e contando com a renda do marido.

Eu fico me perguntando que indústria cruel é essa né? Mas quem sou eu pra questionar essa indústria tão cruel, misogina, gordofóbica e etarista como a indústria da moda?

Eu só acho que deve ser uma vida muito triste você ter que se limitar a deixar de comer um monte de coisa que gostaria, mesmo tendo condição, para se preocupar com o formato do seu corpo. É realmente uma sociedade que trata o corpo como produto.

Eu fico pensando no que é que implica em um produto ou em uma campanha de marketing o corpo de uma mulher grávida. Menos vendas? Fica menos atraente?

Na mesma semana, foi anunciado pela organizadora do concurso Miss Universo, que o concurso passará agora, a partir de sua 72ª edição, a aceitar mulheres casadas, divorciadas, grávidas e mães. EM 2022! Porque antes não era permitido! O que será que as tornava menos dignas de serem misses, né? Afinal, por que é que ainda temos concursos de beleza mesmo? É de cair o furico da bunda mermo.

Pouco tempo atrás, Arthur Aguiar, casado com Maíra Cardi – uma das coaches mais gordofóbicas que existem, aquela, do “estupro alimentar” – declarou que sua filha disse “é porcaria!” ao vê-la comer um pão no café da manhã. O que será da autoestima dessa menina quando ela descobrir que nunca alcançará o padrão imposto pela sociedade e se der conta de que terá que viver uma vida de privações se quiser se preocupar somente com sua forma física e muito pouco com a sua saúde mental e autoaceitação, né?

Uma nutricionista também relatou na semana passada na Revista TPM ter ouvido da filha de cinco anos (!!!!) que ela “queria emagrecer”, pois sua barriga estava grande e seus colegas de classe disseram que ela não conseguiria dar cambalhotas por isso. A mãe passou o dia dando cambalhotas com ela, pra mostrar pra filha do que seu corpo era capaz, mesmo que tivessem lhe dito o contrário.

OU SEJE

É o tempo inteiro essa sociedade que controla nossos corpos e nos faz odiá-los. É preciso cada vez mais cedo ensinar sobre a sociedade dos padrões e suas imbecilidades. Sobre autoestima. Sobre autoaceitação. E isso precisa ser uma luta diária e contínua. Para que mães, filhos, solteiras, casadas, divorciadas e grávidas possam viver num mundo melhor e, principalmente, para que as futuras gerações que estão por vir, já nasçam se amando e não passem pelo que passamos.

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