Belford Roxo e Saracuruna no caos

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No Jornal O Dia, deu que 54 estações da SuperVia estão paradas. Ramal Belford Roxo e Saracuruna.

Toda semana, perdão,
TODO DIA isso.

É a PRIMEIRA VEZ QUE O TREM FICA MAIS CARO QUE O METRÔ, e a rede ferroviária carioca está parada, inútil, fudida, seja por falta de manutenção, um lixaral do caralho nas estações, desde a Central, onde descarrilou um vagão há duas semanas, seja por chuva, seja porque o tráfico ocupou a estação,

o trem carioca é o maior reflexo de como está o Rio agora.

Abandonado, tomado pelo crime, pobre, sem presente, sem futuro.

Uma amiga postando que comprou SETE FATIAS DE QUEIJO MUSSARELA POR 17 REAIS. Ou seja, quase 2,50 cada FATIA.

2,50 uma F-A-T–I-A de queijo.
O centro do Rio, uma cidade deserta. Loja fechada, o prédio da IBM vai virar hospital da PREVENT SENIOR, cujos donos deveriam estar comendo quentinha fria em Bangu 8.

No caos, a milícia cresce. Ganha mais dinheiro. As igrejas crescem no caos. Prometem aquilo que o Estado deveria dar.

Nisso, mais gente morando na rua. Mais gente passando necessidade e fome no morro. Mais gente, no asfalto, na Zona Norte e Oeste, sem fazer compra de mês, sem pagar uma luz, ficando desempregada, tirando filho da escola.

Tá na hora do Rio partir pra guerrilha.
Mas o carioca tá com tanta fome, e tão duro, que não tem dinheiro pra comprar gasolina pra tacar fogo.

A escravidão moderna é quando eles te deixam sem dinheiro.
Aí você gasta tempo correndo atrás de um pão, e eles sabem disso. Povo com fome não se organiza na política.

O fim do Rio já foi anunciado muitas vezes.
Isso aqui já é o pós fim.

Escritor e ativista social, nascido em Madureira, Rio de Janeiro. Em 2016 lançou Rio em Shamas, indicado ao Jabuti de 2017, pela Editora Objetiva. Foi roteirista na Rede Globo e Multishow/A Fábrica, colunista da Folha de São Paulo e Metrópoles.

somos a primeira voz
que você ouve pela manhã.
a última com você na cama.

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