Para além de Lula, o Congresso Nacional

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É preciso trabalhar com a forte possibilidade de Lula na presidência.

E isso significa focar numa parada que a gente esquece:

CONGRESSO NACIONAL.

Cara, o presidente pode ficar refém de um Congresso, pode virar escravo do Congresso, pode ser desprezado pelo Congresso, pode ser respeitado e pode inclusive ser uma das lideranças do Congresso, nos bastidores.

O Congresso é tão importante quanto quem se assenta na cadeira da presidência. E em muitos casos, mais. Porque o Congresso pode vetar decisões do presidente, tem, por natureza, um ritmo mais perene que o ritmo do Planalto, pois o Congresso tem uma agenda de pautas para responder a sociedade.

Lula presidente. Tá.

Considere que o ano de 2023 está economicamente comprometido.

Inflação ainda em 2 dígitos, cofre comprometido por causa do rompimento do teto de gastos, justamente porque Bolsonaro decidiu dar o Auxílio Brasil em cima da hora, pra reverter votos, o que não funcionou, porque ele também bateu no teto, e continua em 34% nas pesquisas, atrás de Lula, com 45%.

Lula vai herdar um orçamento em dívida. Não vai dar pra construir escola, rua, ponte. Não dá pra garantir avanços sociais, no primeiro de RETORNO a uma democracia. Uma negociação pesada com um Congresso que vai ter conservadores lutando contra a agenda brasileira. Isso trava o poder do governo, para influenciar o crescimento da indústria e por sua vez, do consumo.

Mas esse Congresso vai ter representações muito definidas.

Bancada da Bala, Evangélica, do Boi, e espero eu, Negra.

Nós precisamos votar em gente negra. Porque, para além de pauta socialista, ou de esquerda, a pauta negra é autônoma, busca soluções fundantes, de problemas fundantes no Brasil. A pauta negra tenta resolver o Brasil de hoje, pela perspectiva do Brasil de ontem. Curar a ferida que sangra hoje, fazendo uma intervenção profunda no corpo desse Brasil, não apenas passando curativo.

Por isso devemos estar atentos ao que é importante para além de Lula.

Porque se ainda resta alguma crença na democracia brasileira, o Congresso é o lugar onde a gente é representado.

Vote negro.

Escritor e ativista social, nascido em Madureira, Rio de Janeiro. Em 2016 lançou Rio em Shamas, indicado ao Jabuti de 2017, pela Editora Objetiva. Foi roteirista na Rede Globo e Multishow/A Fábrica, colunista da Folha de São Paulo e Metrópoles.

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