Veneno no sangue e no prato
Leitura: 2 minTemos visto nos últimos anos um crescimento abusivo no uso de agrotóxico nos produtos alimentícios, desde dos anos 2000, o governo federal liberou quase 5.000 agrotóxicos, sendo mais de 1.500 dos produtos químicos somente no governo Bolsonaro. O Projeto de Lei nº 1.459/2022, mais conhecido como o PL do Veneno, ainda corre pelo Senado, o que põe em risco a saúde da população e também a vida de povos indígenas e a sobrevivência do meio ambiente.
Segundo levantamento do De Olho nos Ruralistas, para o projeto Brasil sem Veneno – em parceria com O Joio e O Trigo, foram identificados 59 projetos de lei que buscam reduzir o uso de agroquímicos e incentivar a agroecologia, indo em contrapartida ao projeto político do atual governo. Na última década foram criadas 33 leis contra o uso de agrotóxicos e outras 19 ainda estão em análise.
No Brasil cerca de 50 bebês e 15 adultos são intoxicados por agrotóxicos por ano, de acordo com a professora e pesquisadora Larissa Bombardi, da Universidade de São Paulo (USP). Larissa é dirigente do Atlas “Geografia do Uso de Agrotóxicos no Brasil e Conexões com a União Europeia”, em que trará o panorama de investigação entre 2010 e 2019, previsto para este ano. Hoje ela mora fora do país pois foi ameaçada junto a seus filhos por ruralistas que foram prejudicados pelos apontamentos de suas pesquisas.
Somente no governo Dilma é que foi criada a Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (PNAPO), com o decreto nº 7794/2012, hoje ela limitada pelos retrocessos que tivemos. Além disso, o contato com agrotóxicos pode levar a disfunção renal, danos ao DNA, desempenho cognitivo, câncer de pele e bucal, intoxicação, alterações hematológicas, alteração hepática, malformação congênita, deficiência auditiva, alterações na tireoide, dentre outras doenças, além do dano também a saúde mental.
Dentro de uma crise humanitária, comer se torna um privilégio. Porém, dentro do governo Bolsonaro, além de ser fomentada a política de fome com cerca de 33 milhões de cidadãos sem ter o que comer, aqueles que escapam da estatística são pegos no prato.
No presente, o caos socioambiental foi instaurado por governos alinhados à burguesia agropecuária e ruralista, assim, temos a necessidade de criar métodos de sobrevivência, e um deles parte da agricultura orgânica e agroecológica. Desse modo, haverá a preservação da pouca biodiversidade restante, e das comunidades e dos povos originários.