“Eu não imaginava o que era uma guerra”
Leitura: 2 minBrasileiro integrante da Legião estrangeira que foi para a Ucrânia foge para Polônia e diz que não sabia como era a guerra
Tem coisas que a gente não faz questão de falar pra não passar vergonha. Eu faço isso com Maringá, cidade de onde eu venho. Porque, apesar de Maringá ter muita coisa boa e eu ter gostado muito de viver lá, a contribuição de Maringá para com o país passa por nomes como Ricardo Barros, Sergio Moro (não, ele não é de Curitiba) e, agora, Tiago Rossi. Se você não viu esse nome nas redes sociais de ontem pra hoje, eu vou te contar sobre esse ilustre maringaense.
Tiago é instrutor de tiro e foi para a Ucrânia defender o país na guerra contra a Rússia. Ele integrava a Legião Internacional de Defesa do Território da Ucrânia, que é formada por voluntários de vários países.
Acontece que o local onde estavam alocadas essas pessoas, na área militar de Lviv, foi bombardeada. E Tiago, junto de outros, fugiu às pressas para a Polônia. No caminho para lá, ele gravou um vídeo onde conta o que houve. Eu vou transcrever abaixo um trecho, mas o principal é: “eu não imaginava o que era uma guerra”.
Vindo de uma cidade 75% bolsonarista, e sendo Tiago um deles (as fotos do Facebook entregam), uma cidade que ajudou fortemente a eleger Ratinho Junior para o governo do estado, era de se imaginar que o herói sem causa, esperasse que todo mundo lutasse na guerra fazendo arminha com a mão.
No vídeo, ele diz: “Lá tinha militares das forças especiais do mundo inteiro. A informações que a gente tem é que todo mundo morreu. Eles (os russos) acabaram com tudo. Vocês não estão entendendo, acabou, acabou. A Legião foi exterminada de uma vez só. Eu não imaginava o que era uma guerra”. E continua: “Teve um bombardeio. Às três horas da manhã teve o primeiro sinal. A sirene tocou. Deu cinco horas da manhã, nem tocou sirene e, de repente, veio um caça e um soltou um míssil em cima da gente. Não teve o que fazer. A gente saiu correndo para o meio do mato. Começou a soltar muitos mísseis em cima da gente. Quando terminou a primeira onda de mísseis, a gente foi reagrupar o batalhão inteiro para ver quantas baixas tiveram. Eles estouraram toda a parte de paiol, centro médico, acabaram com tudo. Fomos orientados a sair de lá o mais rápido possível”.
O governo ucraniano fala em ao menos 35 mortos e 134 feridos nesse ataque.
Segundo o maringaense, os sobreviventes vão se reorganizar para voltar a Lviv e colaborar com a retirada de refugiados.