Guaraná Baré
Leitura: 2 minEu gostava de Guaraná Baré, de primeiro tinha, agora acabou. Tem mais não. Baré vendia na garrafa de cerveja, e tinha na quitanda ou passava umas kombi na porta da casa, quarta feira, sábado de tarde,
era Guaraná Baré, GRANDE RIVAL de Guaraná Convenção, jamais esqueçamos, patriotas:
o Guaraná Convenção foi quem abriu o matagal selvagem das ruas do subúrbio com seu facão everfescente e corajoso, ofertando as primeiras experiências de delivery sem as quais, nos dias atuais, a Amazon não existiria. Nem Amazon, nem Alibaba, nem IFood saberiam o que fazer da vida em termos logísticos, não fosse o pioneirismo sensual de Guaraná Convenção,
na garrafa de cerveja,
nos sabores
Convenção Laranja, Convenção Uva, Convenção Limão, Convenção Cola, Convenção Guaraná, Convenção Abacaxi, Convenção Tuti-Fruti, Convenção Hamburguer, Convenção Chocolate, Convenção Pudim de Leite, Convenção Amendoim, Convenção Ração Whiskas, Convenção Presunto e Convenção Picanha, que tinha de fato nacos de picanha dentro.
O melhor refrigerante, para toda família.
Família esta,
que NUNCA pode ir à praia, eis que AMASSADA de cansaço de tanto trabalhar no Brasil do início da década de 1980, mãe camelô e doméstica, pai de atividades remuneradas aleatórias, externas, de horários freestyle e de paradeiro desconhecido.
Pegar um 277, que no domingo passa de 30 em 30 dias no dia, pra ir pra Praça 15, chegando 8 meses depois, e dali pegar um outro ônibus pra Copacabana, saindo de casa em 1982 pra chegar em 1997,
não era bem um projeto familiar satisfatório.
Razão pela qual, entre outros motivos, IR A IGREJA era a praia possível.
Igreja era na esquina.
E Guaraná de garrafa de cerveja, o líquido, a BEBERAGEM confortante e acolhedora no meio da imensa solidão suburbana.
Baré acabou.
Convenção eu vi que virou garrafa PET.
Caiu no meu conceito.